sexta-feira, outubro 28, 2005

UM ANO!


E
stou neste momento sentada com a minha gata Rosa ao colo. A Piruette circula por aí.

Olho a parede em frente e vejo os velhos postais do MPLA, o cartaz do Lenine, a fotografia da manifestação de 1998 (que me custou o ano lectivo). Tenho frio. A minha casa é bastante fria. Penso nos trinta mil afazeres, nas contas para pagar, por trás das cortinas e sob um céu limpo tremem as luzes da noite. A Amadora pura e dura. De cimento e asfalto, de comboios, carros, lojas, risos, cães e ruído.

Há um ano tudo era diferente. Eu não suspeitava que o meu blog completaria este tempo de existência. Estava a kilómetros de distância, numa linda ilha no meio do Atlântico, e resolvi criá-lo para estabelecer uma ponte com os amigos que tinham ficado para trás. Foi aliás, sob sugestão de alguns (que nunca se dignaram a fazer um único comentário) que resolvi abrir a alma ao mundo. Aqui deixei vaguear a imaginação, expor as minhas ideias e convicções, confessar sentimentos, fazer graças. Procurei fazer desta página um espelho de mim própria. Nunca o consegui inteiramente. Se já na vida real tentamos varrer os defeitos para baixo do tapete, no virtual parecemos um poço de virtudes (e só nas entrelinhas e nos silêncios é que nos revelamos inteiramente).

Hoje olho para o “rapariga vermelha” como uma divisão da minha casa, um armário de pensamentos. E olho para os blogs (não os de tertúlia e pura verborreia intelectual, mas aqueles que são os diários abertos das nossas vidas) como quem olha pela janela dos outros. Janelas que se deixam abertas propositamente, para que se possa ver o que queremos que se veja, mostrar o que queremos que se valorize. E isso diz tanto sobre nós…

Os blogs podem ser gargalhadas contagiantes, embalos poéticos, gritos de socorro, ideias geniais à espera de debate ou aplicação ou panfletos de propaganda. No caso deste tenho procurado que seja um pouco de cada uma destas coisas (modéstia à parte no caso das ideias geniais).

Está aqui há um ano a contar a minha vida. Quem sabe onde estarei sentada daqui a um ano a redigir um novo texto ou a postar uma nova foto?

Está aqui há um ano. Para quem quiser, para quem o encontrar.

Post Scriptum

Obrigada Luísa e João Lopes