
Manifestação contra a precariedade .
14h30 . ROSSIO
"Os maus temem as tuas garras, Os bons alegram-se com a tua graça. Algo assim gostaria de ouvir sobre o meu verso." B. Brecht

"Aquilo que se verificou foi uma carga policial, quando os trabalhadores, ao fim e ao cabo, e com razão, vaiavam o patrão, que sorrateiramente saiu atrás dos camiões", descreveu Arménio Carlos. "A partir daí, deu-se a detenção de um dirigente sindical, sem nenhuma explicação, para além de agressões múltiplas sobre os trabalhadores que aqui estavam", disse o mesmo dirigente sindical.
Segundo a agência Lusa, a detenção de Pedro Miguel ocorreu quando a oficial de justiça presente na empresa se preparava para dar uma entrevista a um canal de televisão, altura em que os trabalhadores reagiram "com exaltação".
O comando da PSP refere que enviou para o local cerca de 30 agentes, que "se limitaram a manter a ordem e a garantir que ninguém passava os dois anéis de segurança montados em torno da fábrica" enquanto decorria a acção de arresto de bens.
A PSP sublinha que não deteve qualquer dirigente sindical, tendo apenas procedido à sua identificação.
Os trabalhadores, que estão há seis meses sem receber salário e impedidos de entrar nas instalações da empresa, estão em vigília para evitar a saída do material, decretada por tribunal em resposta a uma providência cautelar interposta pela administração da empresa."

Quando calçada gosto de pisar o chão de madeira ou da rua, descalça o relvado ou a areia molhada na praia.
Na noite gosto do cheiro do incenso de jasmim, de dia do cheiro a tangerina.
Com amigos bebo rum, se sozinha chá marroquino.
Quando estou triste visto-me de azul, quando alegre de vermelho.
Se estou deitada sonho, se me levanto observo.
E o futuro seduz-me e trai-me, deixa-me tranquila, engana-me e foge.
É como o amor por que espero e nunca chego a saber se sabe a uvas ou a vinho.
Vou sendo o ninho que deseja ser ave até ao dia em que:
Pisarei a rua para me poder calçar, colherei tangerinas para que amanheça, beberei rum para brindar com amigos, vestir-me-ei de vermelho para me alegrar, observarei o mundo para me levantar.
Escolherei o teu sabor e chegarás…
E então: andarei descalça no chão de madeira, acenderei incenso durante o dia, tomarei chá acompanhada, vestir-me-ei de azul e sorrirei.
Serei a ave que deseja o ninho.
Mas o futuro seduz-me e trai-me, deixa-me tranquila, engana-me e foge.