segunda-feira, julho 10, 2006

*Vermelhices (Comentários Políticos) XL*

Estou seriamente a pensar escrever uma carta aberta ao ministro Sócrates. Qualquer coisa que comece assim:

"Senhor ministro,

Que mal lhe fiz eu? Não sou preguiçosa nem incompetente, quero poder contibuir com o meu trabalho para o desenvolvimento do país, quero ter sustento e estabilidade de vida para a poder gozar. Não tenho grandes ambições de riqueza material, apenos quero o suficiente para poder comer e manter uma modesta casa, para poder ligar aos meus amigos e ir passear com eles, para, de vez em quando, poder ir ao cinema, a um concerto ou outro e a uma exposiçãozita.
Não percebo porque é continuo desempregada; os meus rendimentos a baixarem, as despesas com transportes, comunicações, luz, gás, alimentação, seguros, sempre a aumentarem e a ver a riqueza de uns cada vez maior.
Que mal lhe fiz eu? Foi não ter votado no seu partido? mas e outros que votaram? estão a ser castigados porquê? É por não ser bonita? O Belmiro tamém é feio...
Só encontro uma explicação: o senhor ministro está zangado e quer vingar-se nos portugueses. Não seria melhor retirar-se? procurar um bom psiquiatra e tentar apaziguar-se com o país?"

Bom, a coisa seria mais ou menos assim. Que tal?

7 comentários:

manu disse...

primeiro revia o estilo da escrita. depois pensava se se poderá pedir a um determinado governo ke arranje emprego para todos (ou kuase todos) ou se será mais uma kestão geracional, isto apesar de achar ke este governo não está a governar nada bem e estar a pensar emigrar :)
não, não me parece cobarde, parece-me mais um acto de lucidez.

Irene Sá disse...

Claro que se pode pedir ao Governo que arranje emprego para todos. Faz parte das suas obrigações como resposáveis do Estado o cumprimento do artigo 58º da Constituição: "(Direito ao trabalho)

1. Todos têm direito ao trabalho.

2. Para assegurar o direito ao trabalho, incumbe ao Estado promover:

a) A execução de políticas de pleno emprego;
(...)"


O senhor ministro se não sabe ou não consegue cumprir as suas competências não se candidatava ou então demitia-se.
O desemprego no nosso país mais do que duplicou em 4 ou 5 anos.
A adesão à moeda única está-nos a custar a crise. Nunca se fez um referendo sobre o Tratado de Maastricht.
Por outro lado a crise é só para alguns. Não andamos todos a fazer sacrifícios. Portugal é o país da Europa com as maiores assimetrias sociais (e, provavelmente, um dos maiores do mundo).
Eu sou tão portuguesa como o Sócrates, o José Gabriel, o Figo ou a Gilberto Madail. Tenho que ter os mesmos direitos e as mesmas oportunidades. Infelizmente não fui educada para aldrabar, para me mostrar em público, jogar à bola, ou fazer dinheiro. Só sei fazer desenhos, pintar e dar aulas. Nada que esteja na moda.
Também acho que emigrar é cada vez mais um acto de lucidez. Tenho é muita pena que gente muito competente em Portugal não arranje trabalho e se revelem grandes trabalhadores em países estrangeiros.

manu disse...

mas seis ou sete meses de governação não chegam para reivindicar emprego para todos, parece-me.

André Levy disse...

Isto das cartas é sempre de se mandar. Eles que sintam o pensamento e sentimento cru da população. Não é por ter argumentos e factos, como nos discursos parlamentares (à esquerda pelo menos) que eles dão peso ou mudam de ideias. Então que ou menos tenham o pesar dos cidadãos a cair-lhes na caixa do correio.

Anónimo disse...

Excelente carta!
Parabéns e subscrevo-a.
Porém, tenho um reparo a fazer.
Porque razão o tratas por,” Sr. Ministro”??? Tanta educação? Tanto respeito!!!
O fulaninho tem demonstrado desrespeito total pelos portugueses!
Manda-nos apertar o cinto, contudo vai de férias para o Quénia, mesmo quando o país arde!
Quando se magoa (pobrezito) na Suiça vai para um hospital militar (mesmo nunca tendo sido tropa). Não vai para um qualquer hospital público, logo Militar!!!
Encerra, escolas, hospitais, maternidades, prisões?!!!
Tenta pôr o povo português contra, professores, médicos, enfermeiros, juízes, pequenos empresários.
Não dá perspectivas aos jovens!
Havendo cada vez mais juventude (e não só) a emigrar!
Vende tudo o que pode, privatiza tudo o que vê!
Pede um esforço, aos reformados, desempregados, operários, trabalhadores honestos em geral para apertarem o cinto!
Manda prender meio ano depois comunistas (qual Salazar), pelo facto de lhe entregarem (com aviso prévio) 100 mil assinaturas.
Dá reformas a pides!
VENDE PORTUGAL A ESPANHA!
OBDECE AO LOUCO DO BUSH!
Tantas coisas mais se podiam dizer da governação deste fulano!
Por essa razão penso que não deveria ser “Sr. Ministro” mas ….

GR

Irene Sá disse...

Manu,
seis ou sete meses não chegam para reivindicar empregopara todos. Mas ao menos que invertesse a tendência e pusesse em prática as suas promessas eleitorais; quantos mil novos postos de trabalho é que eram? 10.000? e a redução dos impostos?
o problema é que cada vez mais nos querem limpar a memória e fazer-nos esquecer o que disseram e fizeram no passado.
Sócrates foi ministro de Guterres. O Governo de Guterres caiu de podre, durante alguns anos o orçamento de Estado passou por um (um!) voto, o do queijo limiano. Durão foi eleito não porque era desejado mas porque punha fim à governação PS. Durão continuou a liquidar o país e fugiu para a Europa deixando Portugal entregue ao Santana. O presidente acordou tarde (ou então estava à espera que o Ferro Rodrigues deixasse a liderança do PS) e convocou eleições. Claro está; o povo português não elege; vota ao ostracismo, isto é, elimina. Ao eliminar Santana, Sócrates, o homem "moderno", o nosso Tony Blair, a construção fantástica de um fantoche dos grandes empresários, toma posse.
A delapidação do país continua.
E continua a delapidação das pessoas: Nunca como agora vi tanta gente angustiada, tanta gente com o futuro incerto, endividada, com a corda à garganta...
Eu e tu somos apenas mais dois que queremos encontrar uma saída. O nosso país é governado por gente que não prezaa sua maior riqueza; as pessoas.

manu disse...

gostei mais desta carta... :)