ARTE DE TRANSFORMAR XLIII
A propósito da "impossibilidade de se fazer melhor".
A propósito das justificações para a falta de audácia.
A propósito dos insultos à nossa inteligência.
Para todos aqueles que que se limitam ao medíocre e para os que nada fazem esperando perfeição.
Saúde aos que tornam o impossível uma realidade.
Que se multipliquem os que questionam, os vigilantes, os que não têm preconceitos.
TEMPOS DIFÍCEIS
A árvore explica porque é que não deu frutos.
O poeta explica porque são maus os seus versos.
O general explica porque se perdeu a guerra.
Quadros pintados sobre telas efémeras.
Relatórios de expedição confiados a quem os esquece.
Gestos bonitos, que ninguém aprecia.
Deverá o vaso com mossas servir de vaso de noite?
Deverá a tragicomédia transformar-se em farsa?
Deverá ir para a cozinha a amada já usada?
Louvados os que fogem das casas em ruínas.
Louvados sejam os que trancam a porta ao amigo em desgraça.
Louvados sejam os que esquecem o plano irrealizável.
A casa foi erguida com as pedras disponíveis.
Foi feita a revolução com os revolucionários disponíveis.
Pintado foi o quadro com as cores disponíveis.
Comeu-se do que havia.
Deu-se a quem precisava.
Falou-se com os presentes.
Trabalhou-se com a força, o saber e acoragem de que se dispunha.
O descuido não se perdoa.
Era talvez possível fazer mais...
Pedem-se desculpas.
E daí?
Bertolt Brecht
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