segunda-feira, abril 30, 2007



Já se encontra disponível no professorcomunista o

domingo, abril 29, 2007

ENGENHOSO, NÃO ACHAM?

História 3

Sócrates era um menino com o sonho da engenharia.

Como não estudava, decidiu ser ministro.

quarta-feira, abril 25, 2007



Hoje comemorei um Abril que está para vir.
Um Abril, ou um Maio, ou um Junho, ou um Março, que vai chegar e tomar este do 25 como um sonho que se cumpre, vai tomar este do 25 como o momento em que olhámos para a luz que nos entrava pela caverna e desejámos a liberdade. Um Abril, um Maio, um Junho ou um Março em que deixaremos, para sempre, a caverna
Esqueçamos por agora o idealismo platónico (que pretendia tomar a ideia como princípio do conhecimento) e detenhamo-nos apenas na metáfora.


ALEGORIA DA CAVERNA (in A REPÚBLICA, início do Livro VII)- PLATÃO


Sócrates - Agora imagina a maneira como segue o estado da nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de pernas e pescoço acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar a cabeça; a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo dessa estrada está construído um pequeno muro, semelhante às divisórias que os apresentadores de títeres armam diante de si e por cima das quais exibem as suas maravilhas.

Glauco - Estou a ver.

Sócrates - Imagina agora, ao longo desse pequeno muro, homens que transportam objetos de toda espécie, que o transpõem: estatuetas de homens e animais, de pedra, madeira e toda espécie de matéria; naturalmente, entre esses transportadores, uns falam e outros seguem em silêncio.

Glauco - Um quadro estranho e estranhos prisioneiros.

Sócrates - Assemelham-se a nós. E, para começar, achas que, numa tal condição, eles tenham alguma vez visto, de si mesmos e dos seus companheiros, mais do que as sombras projetadas pelo fogo na parede da caverna que lhes fica de fronte?

Glauco - Como, se são obrigados a ficar de cabeça imóvel durante toda a vida?

Sócrates - E com as coisas que desfilam? Não se passa o mesmo?

Glauco - Sem dúvida.

Sócrates - Portanto, se pudessem se comunicar uns com os outros, não achas que tomariam por objetos reais as sombras que veriam?

Glauco - É bem possível.

Sócrates - E se a parede do fundo da prisão provocasse eco, sempre que um dos transportadores falasse, não julgariam ouvir a sombra que passasse diante deles?

Glauco - Sim, por Zeus!

Sócrates - Dessa forma, tais homens não atribuirão realidade senão às sombras dos objetos fabricados.

Glauco - Assim terá de ser.

Sócrates - Considera agora o que lhes acontecerá, naturalmente, se forem libertados das suas cadeias e curados da sua ignorância. Que se liberte um desses prisioneiros, que seja ele obrigado a endireitar-se imediatamente, a voltar o pescoço, a caminhar, a erguer os olhos para a luz: ao fazer todos estes movimentos sofrerá, e o deslumbramento impedi-lo-á de distinguir os objectos de que antes via as sombras. Que achas que responderá se alguém lhe vier dizer que não viu até então senão fantasmas, mas que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, vê com mais justeza? Se, enfim, mostrando-lhe cada uma das coisas que passam, o obrigar, à força de perguntas, a dizer o que é? Não achas que ficará embaraçado e que as sombras que via outrora lhe parecerão mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora?

Glauco - Muito mais verdadeiras.

Sócrates - E se o forçarem a fixar a luz, os seus olhos não ficarão magoados? Não desviará ele a vista para voltar às coisas que pode fitar e não acreditará que estas são realmente mais distintas do que as que se lhe mostram?

Glauco - Com toda a certeza.

Sócrates - E se o arrancarem à força da sua caverna, o obrigarem a subir a encosta rude e escarpada e não o largarem antes de o terem arrastado até a luz do Sol, não sofrerá vivamente e não se queixará de tais violências? E, quando tiver chegado à luz, poderá, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, distinguir uma só das coisas que ora denominamos verdadeiras?

Glauco - Não o conseguirá, pelo menos de início.

Sócrates - Terá, creio eu, necessidade de se habituar a ver os objetos da região superior. Começará por distinguir mais facilmente as sombras; em seguida, as imagens dos homens e dos outros objetos que se refletem nas águas; por último, os próprios objetos. Depois disso, poderá, enfrentando a claridade dos astros e da Lua, contemplar mais facilmente, durante a noite, os corpos celestes e o próprio céu do que, durante o dia, o Sol e a sua luz.

Glauco - Sem dúvida.

Sócrates - Por fim, suponho eu, será o Sol, e não as suas imagens refletidas nas águas ou em qualquer outra coisa, mas o próprio Sol, no seu verdadeiro lugar, que poderá ver e contemplar tal como é.

Glauco - Necessariamente.

Sócrates - Depois disso, poderá concluir, a respeito do Sol, que é ele que faz as estações e os anos, que governa tudo no mundo visível e que, de certa maneira, é a causa de tudo o que ele via com os seus companheiros, na caverna.

Glauco - É evidente que chegará a essa conclusão.

Sócrates - Ora, lembrando-se da sua primeira morada, da sabedoria que aí se professa e daqueles que aí foram seus companheiros de cativeiro, não achas que se alegrará com a mudança e lamentará os que lá ficaram?

Glauco - Sim, com certeza, Sócrates.

Sócrates - E se então distribuíssem honras e louvores, se tivessem recompensas para aquele que se apercebesse, com o olhar mais vivo, da passagem das sombras, que melhor se recordasse das que costumavam chegar em primeiro ou em último lugar, ou virem juntas, e que por isso era o mais hábil em adivinhar a sua aparição, e que provocasse a inveja daqueles que, entre os prisioneiros, são venerados e poderosos? Ou então, como o herói de Homero, não preferirá mil vezes ser um simples criado de charrua, a serviço de um pobre lavrador, e sofrer tudo no mundo, a voltar às antigas ilusões e viver como vivia?

Glauco - Sou da tua opinião. Preferirá sofrer tudo a ter de viver dessa maneira.

Sócrates - Imagina ainda que esse homem volta à caverna e vai sentar-se no seu antigo lugar: não ficará com os olhos cegos pelas trevas ao se afastar bruscamente da luz do Sol?

Glauco - Por certo que sim.

Sócrates - E se tiver de entrar de novo em competição com os prisioneiros que não se libertaram de suas correntes, para julgar essas sombras, estando ainda sua vista confusa e antes que os seus olhos se tenham recomposto, pois habituar-se à escuridão exigirá um tempo bastante longo, não fará que os outros se riam à sua custa e digam que, tendo ido lá acima, voltou com a vista estragada, pelo que não vale a pena tentar subir até lá? E se a alguém tentar libertar e conduzir para o alto, esse alguém não o mataria, se pudesse fazê-lo?

Glauco - Sem nenhuma dúvida.


Sem dúvida nenhuma?

terça-feira, abril 24, 2007

Futurologia

Desta vez o título é pequeno.

História 2


O governo reuniu, almoçou, reuniu, dormiu, comeu, visitou, reflectiu, decidiu, avisou, reuniu, ignorou, publicou.

Depois caiu.

segunda-feira, abril 23, 2007

Ir ao médico nos tempos do capitalismo selvagem

Gostei da ideia das histórias de 10/15 palavras. São... como dizer? feitas para os tempos modernos e pessoas como eu. Sobretudo se tiverem títulos muito longos e, ultimamente, se forem sarcásticas.

História 1

O sofá queixou-se de dores nas costas.
O médico prescreveu descanso.
O dono riu e sentou-se.

Agora vamos à luta!


Apresentação da Lista E, candidata ao Conselho Nacional da Fenprof e encabeçada por Mário Nogueira.

domingo, abril 22, 2007

Descanso da guerreira. A luta segue dentro de momentos

Gostava de colocar aqui algumas ideias sobre o Congresso da Fenprof (o nono e não oitavo como dizia o Diário de Notícias - Bestas!), mas estou exausta. Amanhã é outro dia.
Agora temos Abril e temos Maio.
E que Maio!

Deixo-vos com a Resolução do Conselho Nacional da CGTP

O Conselho Nacional da CGTP-IN, reunido na sua sede em Lisboa no dia 17 de Abril de 2007, constatou que:

1. os trabalhadores se deparam com um agravamento contínuo da precariedade no trabalho, tanto no sector privado como no sector público. Esta precariedade está a gerar inseguranças e instabilidades, agravamento do desemprego, redução dos salários e da retribuição do trabalho, perda irreparável de direitos individuais e colectivos, ao mesmo tempo que força à emigração dezenas de milhares de portugueses, em particular jovens;

2. o que se perspectiva com as receitas que estão a ser preparadas contra os trabalhadores – em torno da revisão do Código de Trabalho, da promoção do Livro Verde da UE sobre as Relações Laborais e, sobretudo, com a chamada flexigurança - consubstancia um brutal ataque patronal, visando o despedimento totalmente liberalizado (sem justa causa), a desregulação do trabalho e o aumento dos horários de trabalho, a troco de uma falsa promessa de protecção social;

3. os trabalhadores e a maioria dos portugueses assistem a políticas sociais violentas:

a. o Serviço Nacional de Saúde está a ser destruído a favor dos grandes capitalistas enquanto as pessoas pagam cada vez mais pelos serviços prestados;

b. o ensino e a justiça a degradarem-se, com cortes nas suas estruturas e nos meios disponíveis;

c. a segurança social será pior no futuro, em resultado das alterações ao sistema impostas pelo Governo;

4. nos deparamos com uma cada vez mais injusta distribuição da riqueza e um insuportável agravamento do custo de vida para centenas de milhares de portugueses;

5. os direitos dos trabalhadores são todos os dias violados pela maioria dos patrões, incluindo o patrão-Governo, desvalorizando o trabalho e pondo em causa a dignidade de quem trabalha;

6. as linhas fundamentais das políticas económicas e sociais, que vêm sendo seguidas, submetem-se ao ideário e práticas neoliberais.

Neste contexto, tornou-se imprescindível desenvolver uma forma de luta que, dando continuidade à grande mobilização dos trabalhadores – expressa designadamente na Manifestação de 2 de Março –, constitua um fortíssimo sinal ao patronato de que não nos submeteremos aos seus objectivos de exploração e um cartão vermelho à essência das políticas do Governo, exigindo-lhe mudanças de rumo.

Esta luta, em que confluem todos os processos reivindicativos em curso, será de todos os trabalhadores e concretizar-se-á através de uma Greve Geral a realizar no dia 30 de Maio 2007.

O CN da CGTP-IN apela a todos os dirigentes, delegados e activistas sindicais para que desenvolvam um intenso trabalho de esclarecimento, de mobilização e de organização dos trabalhadores, com vista ao êxito da Greve Geral.

A preparação e concretização de um grande 1º de Maio, a comemorar em todo o País, constituirá um ponto alto da luta que vimos desenvolvendo e um elemento fundamental e decisivo para o êxito da Greve Geral.

Lisboa, 17 de Abril de 2007

quarta-feira, abril 18, 2007

É já amanhã


Para onde vai esta estrada?

segunda-feira, abril 16, 2007

Hipocrisias

Em vésperas de congresso da Fenprof e dado o quadro em que ele se realiza quero aqui deixar um excelente exemplo sobre o que entendo por hipocrisia:

Aqueles comentários, geralmente acompanhados de muita baba, sobre o quão importante foram os comunistas antes do 25 de Abril na luta pela libertação do país seguidos de um dramático “mas depois…”. E a partir daqui há ligeiras variações: uns, mais ribombantes, divagam sobre a tentativa de tomada do poder e instauração de uma tirania vermelha; outros vaticinam a morte do PCP ou a sua descaracterização; alguns crápulas continuam a considerá-lo um partido importante mas não admitem a sua capacidade de influência; muitos indignam-se com o facto de se organizarem para intervir.

Pergunto-me se haverá algum desses comentadores que, depois de pronunciar uma dessas pérolas, se tenha interrogado sobre os métodos de actuação e organização do PCP antes do 25 de Abril. Por ventura acharão que a intervenção nos sindicatos fascistas não era discutida previamente? Considerarão que a participação dos comunistas no MUD e outras estruturas unitárias não era preparada? Pensarão que os militantes nas fábricas e outros locais de trabalho eram uma espécie de Clube Amigos Disney? Tendo a assumir que a resposta é não. Dir-me-ão que os tempos eram outros e que a “democracia” não justifica a manutenção de estruturas organizadas para intervir no movimento unitário. E porque não? Porque são tentativas de influenciar (alguns dirão mesmo: de manipular). É nesta parte que pergunto se o papel dos partidos se esgota nas eleições gerais. Uns dizem sim. Esses tendem a ver a democracia reduzida ao voto ou à participação em lutas parcelares (só sindical, só cultural, só no âmbito dos direitos das mulheres, só na comissão de utentes da saúde, etc). Para esses é proibida a participação em organizações que lutem numa perspectiva política mais ampla. Outros dizem não. Mas são incapazes de admitir que os comunistas o façam respeitando o funcionamento democrático das instituições: se as posições dos comunistas vingam é porque há instrumentalização, se não vingam é porque o PCP já está de pés para a cova.

Ontem como hoje os comunistas lutam pela libertação do povo português, contra o capitalismo e pelo fim da exploração do homem pelo homem.

segunda-feira, abril 09, 2007

História de um PROFESSOR


NOS TOCAN A UNO NOS TOCAN A TODOS
Dizia uma das faixas que os docentes argentinos levaram hoje pelas ruas de Buenos Aires numa manifestação que reuniu mais de 50 mil professores. Também hoje as escolas argentinas estiveram fechadas. 350 Mil professores e educadores fizeram uma greve à qual se solidarizaram outros sectores laborais. Esta foi a resposta de protesto dada pela Central de Trabalhadores Argentinos (CTA) ao assassinato do professor Carlos Fuentealba no passado dia 5.
Fuentealba, 40 anos, nascido em San Martín de los Andes no seio de uma família muito pobre, quis ser professor. Realizou a escola primária e só mais tarde teve oportunidade de prosseguir a escolaridade. Enquanto frequentava o ensino secundário trabalhou como técnico da indústria química. Queria ser professor e fez de tudo para poder o conseguir; trabalhou num laboratório, num supermercado e numa fábrica. Andava de bicicleta para poupar para os estudos. Ganhou consciência política e quando finalmente ingressou na profissão destacou-se como activista sindical.
Na escola os professores elegeram-no delegado e os alunos elegeram-no o "Rey del colegio".
Estava na linha da frente das lutas dos professores da região de Neuquen (a sul de Buenos Aires) por melhores salários e mais justiça.
Foi na qualidade de delegado que manifestou reticências sobre o local escolhido para um corte de estrada. Dizem os colegas que ele não receava os confrontos mas que considerava o local perigoso.
Foi como professor, activista e delegado que morreu, nessa estrada, atingido na cabeça por uma granada de gás lacrimogéneo.

Carlos Fuentealba fazia acordos com a sua mulher, também politicamente engajada, sobre quem ficava com as filhas (de 10 e 14 anos). A ela calhou ficar em casa.

Jorge Sobich, governador da província patagónica de Neuquen, é apontado como o principal responsável pelo sucedido visto ter mantido uma postura de intransigente oposição ao diálogo e ter dado as ordens para a resposta policial. No entanto, a CTA vai avisando que o protesto também é dirigido ao presidente Nestor Kirchner (que neste processo tem procurado lavar as mãos responsabilizando apenas o seu opositor Sobich). É que Fuentealba protestava contra o facto de os salários na Argentina (e particularmente o dos professores) não acompanharem o aumento da inflação, sendo que o governo, que está a cargo dos peronistas ("enanos fascistas"), é por isso responsável.

para ver notícia na TeleSURtv.net

Adriano Presente! ... há 65 anos


Cantar de Emigração num tempo em que se insultam os (i)migrantes...

sexta-feira, abril 06, 2007

É a vida! ... ou é a morte?

O sol intensamente brilhou.
Uma mulher de biquini
na cadeira branca de praia
se recostou.

O sol intensamente brilhou.
E uma folha de árvore
amarelou.

A folha caiu ao chão
e o chão ensombrou.
Uma formiga que ali passava
sob a folha ficou.

Não quis ficar ao frio
e para o sol se encaminhou.

Subiu uma cadeira branca
e numa pinta preta se tornou.

Um dedo de mulher
a esmagou.

segunda-feira, abril 02, 2007

Olhos

Podia falar do que me tem atormentado os dias; do absolutamente ridículo que constitui a argumentação anti-comunista dos que preferiram apoiar Manuela Mendonça em detrimento do apoio a Mário Nogueira para secretário-geral da Fenprof, uma postura que quando desmascarada inspira a típica vergonha da pena. Ou podia partilhar que há jornalistas na TVI cuja incompetência é tanta que extravasa o seu ser e, à primeira análise, consegue semear a dúvida sobre se não teremos sido nós os incompetentes. Passou-se isso hoje comigo quando tentava, com uma colega, explicar a uma "jornalista" que éramos nós as representantes da organização de uma exposição, que era o nosso contacto que constava no "briefing" que recebera e que, portanto, era connosco que deveria falar para organizar a reportagem. A senhora não entendeu a mensagem e, como uma barata tonta, insistia em ouvir e falar com todos menos connosco. Depois avariou-se a câmara.
Podia desenvolver o fascínio que uma tese de Miró sobre a inspiração me provocou e as ideias fantásticas de trabalhos e reflexões que me suscitou.
Mas prefiro repetir uma frase que há dias ecoa em mim e que este fim-de-semana compreendi emocionalmente:
"Os meus olhos não são olhos sem estarem nos teus defronte"