História de um PROFESSOR
NOS TOCAN A UNO NOS TOCAN A TODOS
Dizia uma das faixas que os docentes argentinos levaram hoje pelas ruas de Buenos Aires numa manifestação que reuniu mais de 50 mil professores. Também hoje as escolas argentinas estiveram fechadas. 350 Mil professores e educadores fizeram uma greve à qual se solidarizaram outros sectores laborais. Esta foi a resposta de protesto dada pela Central de Trabalhadores Argentinos (CTA) ao assassinato do professor Carlos Fuentealba no passado dia 5.
Fuentealba, 40 anos, nascido em San Martín de los Andes no seio de uma família muito pobre, quis ser professor. Realizou a escola primária e só mais tarde teve oportunidade de prosseguir a escolaridade. Enquanto frequentava o ensino secundário trabalhou como técnico da indústria química. Queria ser professor e fez de tudo para poder o conseguir; trabalhou num laboratório, num supermercado e numa fábrica. Andava de bicicleta para poupar para os estudos. Ganhou consciência política e quando finalmente ingressou na profissão destacou-se como activista sindical.
Na escola os professores elegeram-no delegado e os alunos elegeram-no o "Rey del colegio".
Estava na linha da frente das lutas dos professores da região de Neuquen (a sul de Buenos Aires) por melhores salários e mais justiça.
Foi na qualidade de delegado que manifestou reticências sobre o local escolhido para um corte de estrada. Dizem os colegas que ele não receava os confrontos mas que considerava o local perigoso.
Foi como professor, activista e delegado que morreu, nessa estrada, atingido na cabeça por uma granada de gás lacrimogéneo.
Carlos Fuentealba fazia acordos com a sua mulher, também politicamente engajada, sobre quem ficava com as filhas (de 10 e 14 anos). A ela calhou ficar em casa.
Jorge Sobich, governador da província patagónica de Neuquen, é apontado como o principal responsável pelo sucedido visto ter mantido uma postura de intransigente oposição ao diálogo e ter dado as ordens para a resposta policial. No entanto, a CTA vai avisando que o protesto também é dirigido ao presidente Nestor Kirchner (que neste processo tem procurado lavar as mãos responsabilizando apenas o seu opositor Sobich). É que Fuentealba protestava contra o facto de os salários na Argentina (e particularmente o dos professores) não acompanharem o aumento da inflação, sendo que o governo, que está a cargo dos peronistas ("enanos fascistas"), é por isso responsável.
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