As coisas que se ouvem nos programas da tarde da TVI
Júlia Pinheiro: "então porque é que foi expulsa?"
Zita Seabra*: "fui acusada de ter hábitos burgueses, da forma como me vestia e os sítios que frequentava...
...
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e de ter jantares conspirativos lá em casa com um grupo de amigos... e é verdade, todas as quartas jantavam lá em casa o Magalhães, o Vital Moreira, etc..." respondeu.
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"... e também é verdade que conspirávamos" acrescentou com ligeireza, rindo e com ar de que era apenas um pormenor acessório
"... e também é verdade que conspirávamos"
"... e também é verdade que conspirávamos"
"... e também é verdade que conspirávamos"
"... e também é verdade que conspirávamos"
"... conspirávamos"
"... conspirávamos"
"... conspirávamos"
"... conspirávamos" para que conste.
* Para quem não sabe, Zita Seabra é o exemplo acabado do que é uma não-pessoa: é conhecida por aquilo que não é (comunista) e não pelo que é (uma tiazorra parola frustrada e reaccionária).
Está há quase tantos anos fora do PCP como os que militou nele, diz que contrariamente ao que vaticinou Álvaro Cunhal (que não seria nada depois da expulsão) foi muita coisa. No entanto, só tem tido cargos graças à sua condição de dissidente, ninguém a considera pelo seu mérito próprio.
Numa entrevista recente ao DN afirmou:
"Sobre a minha vida depois de 1989 não quero falar. Não gosto de falar da minha vida privada e só a abordo no livro quando é relevante para a política. Devia ser uma regra dos políticos, embora seja uma fronteira difícil. Se calhar se tivesse entrado em domínios mais privados, quer da minha vida quer da do dr. Cunhal, vendia mais..."
Talvez não queira falar sobre a sua vida depois de 1989 porque nada tem de politicamente relevante (a não ser o oportunismo e o vira-casaquismo mais surpreendente da história portuguesa). E o que se pode dizer então sobre as coisas que diz sobre os gostos pessoais de Álvaro Cunhal, sobre o marido, sobre o seu modo de vida? É relevante para a política dizer que Cunhal gostava de canetas?
... E dizer na televisão que os jantares em sua casa eram conspirativos? trata-se de uma simples adjectivação? é um domínio privado ou, aí sim, um aspecto da sua vida privada relevante para a politica?
2 comentários:
é bonito, também, ter convidado o pacheco pereira e o mário soares para apresentarem o livro.
amizades conspirativas?
Pacheco Pereira, Mário Soares, Zita Seabra: todos no sítio certo; todos trânsfugas; todos rachados; todos iguais.
Sobre o livro dessa senhora, sugiro a leitura do texto de José Manuel Jara, publicado no Avante de hoje.
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