terça-feira, abril 08, 2008

Pássaros, superstições e contradições

Vi um pássaro morto

Na beira da estrada

E ao vê-lo, Espetou-se-me

uma faca no peito


Naquele sítio,

Naquele momento, confesso,

perdi a esperança.


Contive-me.

Era um disparate.


Mas não mais parei de pensar:

Não basta ao pássaro ser pássaro e ser livre,

É preciso que esteja vivo.


Mas não mais parei de pensar:

Se renovas a esperança quando o ouves cantar,

Porque não perdê-la quando morre?


Contive-me.

Era um disparate.


Lá diz a canção:

Por morrer uma andorinha não acaba a Primavera.


7 comentários:

Anónimo disse...

Mas...a Primavera fica mais pobre!
-e o bando tambem!
Abraço
José Manangão

Anónimo disse...

Não acaba a Primavera, mas nós somos o sinal da permanente travessia desdobrando lentamente o que sonhamos real e o que real em nós se cria.

mangas disse...

«Não basta ao pássaro ser livre, é preciso estar vivo!» Excelente!!!
E já sabes o que de resto penso sobre isso...
Vamos nessa!
beijinhos

Anónimo disse...

Para o pássaro ser livre é necessário prosseguir com a luta. Para isso serve a leitura daqueles artigos que nos fazem pensar(não esses textos chatos e fedorentos de um tal Pacheco Pereira ou Vasco Pulido Valente). É preciso ver o lado da razão e concluir que estamos no lugar certo. A direita e toda a sua ignorância, como também todos aqueles elementos que fazem parte do verdadeiro sonho americano - a ganância, o egoísmo, a violência... - estão do lado errado. Devemos manter a luta e continuar a pesquisa, numa leitura progressista que abra caminho a outras étapas da vida. Miguel Botelho

Anónimo disse...

Acompanha, frequentemente, o ser humano a ideia e a sensação de que viver é tornar-se prisioneiro das coisas, dos outros homens e de si mesmo. Há a necessidade de lutar contra essa ideia, então pelo espírito irrompe, fascinante e activo, o conceito de identidade, de grupo, de origem social, de pertença de classe social, prolongando-o, dinamizando-o, tornando-o eficaz individual e socialmente.

Fernando Samuel disse...

É na consciência da importância da luta que reside a liberdade... e a vida.

Irene Sá disse...

A situação descrita (o pássaro morto na beira da estrada)ocorreu no dia de páscoa, que é também o dia da Pátria Basca. Encontrava-me na marcha de assinalamento dessa data. Dois dias antes alguns amigos bascos tinham estado a cantar a linda e emblemática canção "txori txoria", que significa algo como o "pássaro pássaro" e conta o dilema de alguém que quer tanto um pássaro que pensa cortar-lhe as asas, mas se lhe cortasse as asas o pássaro deixava de ser pássaro... e era o pássaro o que esse alguém queria.
Esta canção tem um grande significado para os bascos, é como a sua própria identidade - são bascos mas cortam-lhes a liberdade de ser.
Ali estava eu perante um pássaro com asas... mas morto.
Era apenas um pássaro morto mas correu-me um arrepio pela espinha ao pensar nos meus amigos cantando "txori txoria"