sábado, abril 30, 2005

PARABÉNS MIGUÉU!

Posted by Hello


Miguel, Migueluxo, Miguelão;
o melhor pintor português
amigo do meu coração.

Como não estou inspirada, lá vai esta nossa musiquita...


COMIDA

Bebida é água.
Comida é pasto.
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?
A gente não quer só comida,
A gente quer comida, diversão e arte.
A gente não quer só comida,
A gente quer saída para qualquer parte.
A gente não quer só comida,
A gente quer bebida, diversão, balé.
A gente não quer só comida,
A gente quer a vida como a vida quer.
Bebida é água.
Comida é pasto.
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?
A gente não quer só comer,
A gente quer comer e quer fazer amor.
A gente não quer só comer,
A gente quer prazer pra aliviar a dor.
A gente não quer só dinheiro,
A gente quer dinheiro e felicidade.
A gente não quer só dinheiro,
A gente quer inteiro e não pela metade.

Titãs


terça-feira, abril 26, 2005

NOVO BLOG

Até parece que não tenho nada que fazer.
Pois é!
Resolvi fazer um novo blog só para por fotos.
VER VERMELHA
Bem sei que podia registar-me num daqueles que são mesmo para o efeito.
Mas tenho algumas reservas em relação a esses sites:
- só deixam por uma foto por dia;
- todos opinam muito e fazem demasiadas perguntas técnicas;
- sentir-me-ia diminuída ao ver as fotos dos outros (e a minha auto-estima anda nas ruas da amargura);
- não gosto do formato dessas páginas, são muito despersonalizadas;
- não posso por links;
- tinha que arranjar mais um nome de usuário, mais palavra passe, mais endereço de e-mail, etc., etc., etc.

Agora tenho uma máquina jeitosa (fruto das minhas economias de 6 meses) e tenho muito por onde fotografar.

A coisa é para ser encarada como um álbum de fotografias e não como a galeria de uma pretenciosa.

ESPERO QUE OS MEUS AMIGOS DIGAM ALGUMA COISINHA!!! Aqui ou lá!

segunda-feira, abril 25, 2005

É hoje! II

Posted by Hello


Vencendo a sombra, confiantes,
Olham em frente, caminham
Trocando a cor dos instantes
P'los anos que se adivinham.

Houvesse o trevo trazido
Mais sorte à longa jornada
Que outra luz teria sido
Dos olhos a madrugada.

Virgílio Alberto Vieira
(com foto de Eduardo Gajeiro)
in 25 textos de autores portugueses sobre fotos de Abril

PROCLAMAÇÃO - 11h00

É hoje! I

Posted by Hello

COMUNICADO - 04h26

domingo, abril 24, 2005

2 dias para aRevolução

Posted by Hello


clica na aliança POVO / MFA

sexta-feira, abril 22, 2005

3 dias para a Revolução

Posted by Hello

ARTE DE TRANSFORMAR XXX - Rembrandt II

“Betsabé está sentada numa almofada, o rosto inclinado para o chão, a carta do rei David na mão direita [centro da composição]. Ele quer vê-la o mais depressa possível, que vá ter com ele, é uma ordem. Talvez o rei David lhe diga também que a deseja desde que a viu tão bela no banho. Ela leu a carta fatal, o seu olhar está noutro lado. À esquerda, encostada à moldura, curvada sobre os seus pés, a velha criada purifica-a antes do sacrifício. Com os olhos perdidos no futuro, Betsabé não olha para nada.
(…)
O sacrifício de Betsabé ultrapassá-la-á, naquele que ela dará à luz. Digna, a serva judia, purifica-a. Encontraste-a no Hougracht, mesmo em frente da sinagoga. Inclinada para os meus pés já não sorri, é a idade e as costas. Também eu, sem me mexer na pose com o meu ventre pesado, tenho uma dor que me trespassa sob o ombro esquerdo. Viste na minha mão a carta do rei David, linhas escritas sobre um papel branco, e acreditaste no acaso.”
In
Eu, a puta de Rembrandt
Sylvie Matton

“(…) Há algum tempo que ele vive com Hendrickje Stoffels, e essa mulher maravilhosa (tirando os de Titus, só os retratos de Hendrickje estão repletos da própria ternura e do reconhecimento do velho urso sublime) deve satisfazer simultaneamente a sua sensualidade e a sua necessidade de ternura.”
Jean Genet

De entre as várias pinturas que Rembrandt fez representando a sua companheira Hendrickje, destaco três que, aparentemente desligadas, parecem constituir um conjunto particular. O primeiro é o já citado “Susana e os velhos” (1647) – realizado pouco tempo depois de o pintor e a modelo se terem conhecido -, um tema bíblico, o segundo é este “Betsabé com a carta do rei David” (1654), outro tema do antigo testamento, e o terceiro “Hendrickje Banhando-se num Rio” (1654) – estes dois feitos durante a gravidez de Hendrickje - . Os três têm em comum a imagem da mulher no banho que é surpreendida por um homem mais velho. Esse homem é implícita ou explicitamente, o próprio pintor.


Posted by Hello Betsabé com a carta do rei David


terça-feira, abril 19, 2005

ARTE DE TRANSFORMAR XXIX - Rembrandt I

Rembrandt Harmenszoon van Rijn (1606-1669)

A primeira vez que vi o nome Rembrandt foi numa caixa de tintas de óleo na Papelaria da Moda, na Rua do Ouro. Fiquei curiosa. Donde vinha aquele nome tão estranho associado a tintas? Procurei numa enciclopédia (aqueles livros de grande utilidade a que, vulgarmente, nos esquecemos de recorrer, como são aliás quase todas as coisas de grande utilidade. Só nos lembramos delas uma vez. Bom, mas dessa vez dei uso à enciclopédia) e lá encontrei Rembrandt van Rijn, pintor holandês do século XVII (que século tão chato!), identificado com o estilo barroco.

Mais tarde, nas aulas de História da Arte da professora Natalina, lá percebi o que era o barroco. Mas a bota não batia com a perdigota. O Barroco era a arte da contra-reforma: um estilo criado como uma grande operação de propaganda da Igreja (os especialistas do marketing hoje não chegariam aos calcanhares dos promotores do barroco). Jogos de luz e sombra, movimento, monumentalidade. O barroco acentuou o carácter espectacular das igrejas (era preciso fascinar os fiéis): superfícies côncavas e convexas, e volume, cor, brilho, pontos de luz estrategicamente colocados. Tudo com o propósito de subjugar. O aspecto mais dramático do barroco é o urbanismo (sobretudo o do absolutismo). Grandes praças feitas para serem olhadas, eventualmente atravessadas, mas nunca ao serviço das pessoas (a praça como local de encontro desaparecia).

Rembrandt não cabia nesse barroco desumano, de ilusão, de espectáculo. Era a fuga ao estilo, dentro do estilo.

A princípio achava que era um pintor soturno. Muito triste. Pinturas escuras, sem cor, pessoas demasiado reais. Não era, definitivamente, um pintor para uma adolescente imatura e algo pretenciosa como eu era. Só na faculdade voltei a estudar Rembrandt, desta vez com a professora Margarida Calado. Revelou-se então um desses homens que são intemporais porque o seu tempo ainda não chegou (serão o homem novo?), um homem que abraça a dor de todos os homens, que não precisa de regras porque tem princípios, que não se verga, que não se vende. Sem preconceitos e uma grande sede de conhecimento. E não foi um pintor no seio das revoluções sociais e políticas dos séculos XIX e XX, ou da “revolução” sexual, não. Rembrandt viveu a guerra dos 30 anos e a peste negra, num período de moralismo e superstição. Não é coisa pouca.

Ao longo da vida perdeu a alegria e ganhou doçura e sapiência.

A pintura é como o rosto das pessoas, se os conhecermos e olharmos com atenção, dizem tudo. A pintura de Rembrandt é, paradoxalmente, escura, mas translúcida, clara, evidente. Só diz a verdade.

A verdade de Rembrandt e da sua pintura saiu cara. Mas valeu a pena.


Susana e os velhos Posted by Hello

Jorge (PSI20), a pintura mais conhecida é, efectivamente, “A ronda da noite” (querias testar-me, grande safado!), mas eu, como te disse, gosto mais da “Susana e os velhos”.

Voltarei a falar dele, certamente. Talvez amanhã. Agora estou com sono.

domingo, abril 17, 2005


Posted by Hello No Faial também se festeja o 25 de Abril.

*Vermelhices (Comentários Políticos) XV* - 8 dias para a Revolução

Posted by Hello


LEGITIMIDADE REVOLUCIONÁRIA

"Quando derrubada a ditadura, se dera, para além da acção militar dos «capitães» no dia 25, o levantamento militar e o levantamento popular de massas, quem detinha a legitimidade revolucionária? O Presidente do órgão supremo do poder político-militar (a JSN), que decidia e tomava medidas práticas e procurava impor ao povo a continuação da PIDE/DGS, e não queria libertar todos os presos políticos, ou as massas populares e militares revolucionários, que assaltaram as sedes da PIDE, prenderam os pides, ocuparam as instalações, cercaram as prisões e impuseram a libertação dos presos políticos?
Quem detinha a legitimidade revolucionária? O mesmo Presidente da JSN que, citando um artigo (que conseguira impor) do Programa do MFA, pretendia negar a imediata legalidade do PCP (que tinha combatido como nenhum outro a ditadura e lutado pela liberdade) ou o PCP que lhe respondeu que a liberdade tinha sido conquistada, que o PCP não aceitava tal proibição e que já estava a actuar livremente no Portugal libertado da ditadura fascista?
Quem detinha a legitimidade revolucionária? O mesmo Presidente da JSN, que pretendia no imediato por termo ao saneamento de fascistas e impor, a seu mando, uma hierarquia militar contrária à revolução, ou a Comissão Coordenadora do Programa do MFA, reconhecida então pelos "capitães" e pelo MFA, como organismo político-militar do MFA?
Quem detinha a legitimidade revolucionária? Aqueles que defendiam os banqueiros e outros senhores dos grands grupos económicos, na tentativa desenvolvida desde os primeiros dias da revolução de afogar económica e financeiramente a nascente democracia, retiravam e transferiam ilegalmente capitais, anulavam encomendas, paralisavam a produção, ou os trabalhadores, que começaram a vigiar, a denunciar, a contrariar e a controlar e em alguns casos a impedir tais actuações?
Quem detinha a legitimidade revolucionária? Os que protegiam os grandes agrários, que deitavam fogo às searas e levavam de contrabando o gado para Espanha, ou os trabalhadores, que retinham o gado, ocupavam as terras incultas e começavam a cultivá-las?

A liberdade e a democracia não foram concedidas por ninguém, por nenhum órgão de poder. Foram conquistadas pela luta dos trabalhadores, das massas populares, dos militares progressistas, num processo revolucionário, cuja dinâmica própria, com todas as suas contradições e conflitos internos, determinou as características fundamentais da democracia portuguesa conquistada com a revolução, através de transformações e reformas profundas na sociedade portuguesa."

Álvaro Cunhal
in A Verdade e a Mentira na Revolução de Abril


quarta-feira, abril 13, 2005

Memórias

Posted by Hello


Olá Neninha! Tás bem?

Foi mesmo muito fixe jantarmos todos em Algés no outro dia! Foi
mesmo muito fixe! Temos que fazer mais coisas quando estás cá...

Olha aí em anexo a Nena gira e revolucionária que eu conheci há
uns... 11 anos (será isso?!).

Agora trintinha também andas charmosa, os Açores que se cuidem!...

bjinhos, Miguel.

Sim, foi há 11 anos!
Foi depois de muita coisa e antes de muitas outras.
Foi o ponto de viragem. O mais importante da minha vida até aqui.
Há pouco mais de 11 anos decidi que não podia ficar parada.
Uma semana antes desta foto ser tirada (mais coisa, menos coisa) fui à Rua Sousa Martins fazer-me militante da JCP.
Lembro-me bem deste dia! Tínhamos estado (eu e o Miguel - dois do trio maravilha) na véspera, numa festa de Belas-Artes, a delinear estratégias. Durante alguns meses fizemo-lo várias horas por dia: estabelecemos meticulosamente um plano para ganhar a AE e tudo o que faríamos quando lá chegássemos. Bom, acho que fizemos planos para os cerca de 7 anos em que lá estivemos. Andávamos sempre nisto; de tal maneira que havia quem achasse que éramos namorados. Perdi o último comboi para a Amadora e fui dormir a casa do Miguel em Cascais.
Agora trintinha olho para esta foto e vejo que na minha cara estão marcados esses 11 anos. Com tudo de bom e de mau: os sete anos de AE – as intermináveis reuniões de direcção; as idas às turmas, as RGA, os "bichos" para as manifs, as cartas, o registo de correspondência, o fundo de maneio, os arquivos, as idas à "branquinha", a máquina das fotocópias e a ocupação da reprografia, a ocupação da AR, os AE informa e as idas aos bolos às três da manhã, o Garção Cabrão, a Clara Menéres, as comissões de finalistas, os matraquilhos, os horários, os advogados preguiçosos, a Maria, as corridas para a cantina à última da hora, as reuniões com o reitor, as reuniões do senado, os ENDA, as conversas ao telefone, a compra do primeiro computador para a AE, os relatórios de actividades e contas, os problemas pedagógicos, os bilhetes para o teatro e o esquema de distribuição democrático, a sala de computadores para os estudantes, as discussões sobre o regime de precedências, etc., etc., etc. Os anos de JCP – as distribuições, as vendas de autocolantes, os debates, os plenários, as festas do Avante!, os colectivos, os contactos, as resoluções sobre política educativa, as campanhas de recrutamentos e recolha de fundos, as quotas, a venda do Agit, as DCES, as CNES, os panos, as conversas, etc., etc., etc. Os amigos - as idas à tasca e à cantina de Veterinária, a cantina velha, a cantina nova, a cantina do Técnico, a cantina da Politécnica, a cantina do ISEG, a cantina de Belas-Artes (bolas! ainda hoje, na sala de professores, quando como a sopa na tigela de metal lembro-me das cantinas universitárias), as poucas idas ao cinema, as poucas idas ao teatro, os copos no Bairro Alto, as conversas com a SP em minha casa, as conversas com a SP no tempo em que ainda só eu e ela é que fazíamos jornadas nocturnas na festa!, as conversa no terraço e no pátio das Belas-Artes, ouvir Guantanamera na antiga sala da AE, etc., etc., etc. Os anos que se seguiram ao curso - dar aulas no Cacém, no Monte-de-Caparica, na Voz do Operário, em Sobral de Monte-Agraço, em Sacavém (foram várias centenas de alunos. O que lembro melhor: o Fernando Ginga), os amores que não resultaram, os amores que não aconteceram, o desemprego, a depressão. O trabalho do Partido - a Reboleira e os grandes camaradas que lá conheci, a autarquia, os professores, o trabalho da festa!. A família - o nascimento do David, as idas e vindas da minha mãe, as idas e vindas do meu pai, a presença constante do meu irmão Pedro, os amores e desamores de todos nós, os problemas financeiros e as burocracias, a Rosa e a Piruette e, agora as duas sobrinhas que estão a chegar.
Tudo ficou marcado no meu rosto.
Neste dia apanhava o comboio de Cascais para Lisboa com o Miguel.


domingo, abril 10, 2005

*Vermelhices (Comentários Políticos) XIV*

Posted by Hello


A EP - entrada permanente - já está à venda nas sedes do PCP em todo o país.
Ou podem mandar-me um mail!
Este Título de Solidariedade tem o valor de 17euros.

ARTE DE TRANSFORMAR XXVIII

Posted by Hello


Os Sistemas Económicos, a História do Socialismo Europeu, os presos políticos no regime fascista, Tarrafal, o Granma e a abelhinha CDU

sábado, abril 09, 2005

AZULICES (Curiosidades açoreanas) XV

Caldeira do Faial Posted by Hello


Estás a ver Johnny F.? Assim na foto não dá para perceber bem, mas é como te digo: uma extraordinária paisagem. Mais de 400 metros de profundidade e lá em baixo um diâmetro de mais de 1 km. Os homens nesta imagem seriam pontos pequeninos, quase imperceptíveis.

Kant distingue, quando fala na crítica sobre o juízo estético, o belo do sublime. O primeiro, diz, é a harmonia de todas as faculdades (a imaginação, a razão e o juízo) e o segundo o conflito entre a imaginação e a razão que origina sentimentos mistos de arrebatamento, extâse e impotência.

Na natureza ainda encontramos, felizmente, muitas vezes paisagens belas. Sublimes, só algumas. Esta é uma delas!

Adenda:
Quando, ao fim dos 20-25 minutos de viagem, chegamos ao ponto mais alto da ilha, o frio e a humidade invadem-nos o corpo. É uma sensação estranha, mas agradável (sempre achei que o frio ou o calor inesperados eram sensações agradáveis). Olhamos em volta e, geralmente, vemos um tapete de nuvens e a paisagem em redor vai ficando difusa à medida que aumenta a distância. Os verdes adquirem diversos valores. Se o céu estiver limpo, levamos uma bofetada de mar, imenso mar, em quase todo o campo de visão. Não é como no continente, em que temos a clara noção de estarmos em cima de uma linha e em que atrás de dela tudo é terra e ao nosso lado tudo é terra. Não. Aqui, olhamos para a frente e para os lados e vemos mar. E para além do mar vemos a ilha que se espalha aos nossos pés, num suave declive de verde. Mas esta ilha não está só, à nossa frente ergue-se, brutal, negro, bizarro, o pico. Uma vista a que não posso fugir (vejo-a todo o tempo: quando acordo a primeira coisa que faço é olhar para o pico, quando vou para a escola vejo o pico, ao descer as escadas da escola vejo o pico, quando vou às compras, quando vou beber um copo, quando vou à praia, quando vou até à marina,.... sempre). E quando pensamos que, ao chegar ao topo do Faial, vamos olhar para o pico de frente, enganamo-nos; o pico parece ainda maior, mais imponente - pergunto-me como seriam as pessoas do Faial se não tivessem o pico em frente. Seria como um nevoeiro constante. O sentimento da insularidade seria muito maior (a sensação de estar só no oceano) -. Nesses dias limpos ainda vejo o dragão deitado ao lado do pico, a ilha de S. Jorge. E mais além, bastante mais além, a graciosa, a ilha branca (que parece ser mesmo graciosa, como se tratasse de uma irmã mais nova).
Mas isto ainda não é o sublime.
Atrás de nós apercebemo-nos de um túnel. Um túnel escuro, estreito, de paredes molhadas. Atravessamo-lo. Esta travessia rápida é, sem darmos conta, uma viagem ao centro da terra. Depois da sensação de estar no topo do mundo, levantamos os olhos e perdemos a respiração. Vergamo-nos perante o umbigo da terra. E deve ser esta imensa sensação de respeito pela terra que se apodera de nós que nos faz murmurar. Ninguém fala alto. Todos se calam, alguns sussuram. O silêncio ocupa todo o espaço vazio. Um silêncio que nos enche os ouvidos. Como se fosse a mais bela das melodias. Entrecortado, de vez em quando, pelo barulho dos pássaros; os filhos daquela barriga, os únicos com autorização para se fazerem notar. Queremo-nos lançar naquela grande bacia, fazer parte dela, mas envergonhamo-nos de tal desejo; aquele lugar deve permanecer intocado, em sinal de respeito pela intimidade do nosso planeta. Talvez um dia mereçamos a confiança.
Dali saímos apaziguados.
E é de notar, Johnny F., que esse apaziguamento não nasce da sensação de tomar tudo. Pelo contrário, é fruto da consciência de que há um universo por descobrir dentro de cada coisa. E quando pensamos que o que é grande e majestoso está sempre do lado de fora (seja o que for o lado de fora) estamos redondamente enganados. A caldeira do Faial mostra que há mundos gigantes no lado de dentro (seja o que for o lado de dentro).
Depois de nos sentirmos pequenos, incomodados, envergonhados, sentimo-nos apaziguados. julgo que é porque escutamos um grito da vida: Fazes parte de um todo!

sexta-feira, abril 08, 2005

PARABÉNS JOÃO LOPES!

Conheci o Lopes no ano da tesoura, 1994. Lembro-me muito bem da Guida (camarada responsável por acompanhar o colectivo do Técnico) dizer numa reunião da DOESL que não era necessário continuar a fazer o acompanhamento àqueles camaradas porque havia um potencial quadro que estava em condições de assumir a responsabilidade de ligação à DOESL. Assim, passados uns tempos lá apareceu o Lopes; muito calado e muito atento, constante e responsável. Eu e a SP, que conferenciávamos todo o tempo e mais algum, de vez em quando lá perguntávamos o que pensaria o Lopes. Só viemos a saber quando as coisas complicaram…. O João Lopes revelou-se muito firme, consciente, activo. Como é preciso. Daqueles camaradas que se formou sem nos apercebermos, amadureceu as suas ideias, o seu discurso, realizou um grande trabalho e optou pelos seus companheiros.
Mas antes disso ganhei um lindo lápis feito de um tronco de árvore, que numa troca de prendas veio parar à minha mão. Era do João.
Depois disso os laços de trabalho deram origem a uma sólida amizade: estivemos no Gerês e em Caminha – revelou, no meio da natureza, um profunda paixão pela… tecnologia (“mas qual é que é o papel das pulgas do mar? não podiam inventar umas máquinas para isso?” ou “porque é que aqui fazemos caminhadas de kilómetros que nos recusamos fazer na cidade?” ou a grande discussão sobre como acelerar o processo de cozedura do arroz com ervilhas no fogão camping gás. Pensamentos que lhe deram o merecido cargo de Guru); estivemos no Couço – descobrimos aí que o Lopes sabia tudo sobre fórmula 1 e futebol das décadas de 60, 70 e 80; estivemos em Góis – e não sei bem o que descobri aí porque passei muito tempo com os copos; estivemos em Vila Nova de Mil Fontes – e parece que os calções de banho dele tinham uma magia qualquer; estivemos na casa dele na Lousã (numa aldeola que não me lembro do nome) - e descobrimos que a família dele são os caciques locais, que organizam as festas da aldeia, que há fotografias dos sobrinhos em todas as divisões da casa e que a floresta à volta é um lindo cenário para a irmandade do anel (o Lopes era o Gandalf ou o Sam Wise). Enfim, estivemos em muitos sítios e fui sempre descobrindo coisas fantásticas sobre este grande amigo.
Entretanto o Lopes esteve em Espanha por cerca de uma ano, a fazer um estágio qualquer sobre aviões, e passou a ser o Lopezzzzzzzz! Deu-nos sempre relatórios completíssimos sobre a impressão que tinha dos espanhóis, nomeadamente o facto de nenhum espanhol aceitar que é espanhol. Falou-nos também de um prato estranhíssimo, que serviam no refeitório do sítio onde estava, com ovos a boiar em tomate e que se chamava qualquer coisa como ovos à portuguesa.
Trabalha nas OGMA e tem muito orgulho em trabalhar em oficinas com posters de mulheres nuas (“à operário!”), em berrar nas manifestações das OGMA: “Portas paneleiro! Devolve-nos o nosso dinheiro!”. E até já contou uma anedota ordinária! Aquela do homem que foi às putas… Mas ainda joga futebol com os engenheiros.
O Lopes faz sessões de slides para o povo cada vez que vai viajar.
É o nosso Gerard Depardieu.
É o grande manager das Komunas Flamejantes. O impulsionador da tourneé “Bifana 2003”.
É um grande camarada e um excelente amigo.


»»»Komunas Flamejantes III«««

Posted by Hello


Ei-las!

As grandes...

As maravilhosas...

As fantásticas...

KOMUNAS FLAMEJANTES!!

segunda-feira, abril 04, 2005

Choque tecnológico

Posted by Hello

Almerindinha (a do computador): - olha, diz aqui na página da Segurança Social que a nossa reforma aumentou 3 euros
Estefânia (do lado direito da primeira): - foi?? deixa-me cá pensar... não me lembro... será que o meu homem gastou tudo em vinho?... 3 euros também só dá para 5 litradas...
Firmina (a mais à direita): - cá p'ra mim isso é brincadeira! são muito brincalhões esses senhores do governo lá de Lisboa!
Marianita (a da esquerda): - humpf! disparates! estão é a gozar com as nossas vidas! muda mas é para a página do Avante!

ARTE DE TRANSFORMAR XXVII

Posted by Hello


Esta sim! É a melhor banda do mundo!
(a seguir às Komunas Flamejantes, obviamente)

domingo, abril 03, 2005

auto-retrato

Posted by Hello


"Yo me voy. Estoy triste: pero siempre estoy triste."


ARTE DE TRANSFORMAR XXVI

FAREWELL

Desde el fondo de ti, y arrodillado,
un niño triste, como yo, nos mira.
Por esa vida que arderá en sus venas
tendrían que amarrarse nuestras vidas.
Por esas manos, hijas de tus manos,
tendrían que matar las manos mías.
Por sus ojos abiertos en la tierra
veré en los tuyos lágrimas un día.

Yo no lo quiero, Amada.
Para que nada nos amarre
que no nos una nada.
Ni la palabra que aromó tu boca,
ni lo que no dijeron las palabras.
Ni la fiesta de amor que no tuvimos,
ni tus sollozos junto a la ventana.

(Amo el amor de los marineros
que besan y se van.
Dejan una promesa.
No vuelven nunca más.
En cada puerto una mujer espera:
los marineros besan y se van.
Una noche se acuestan con la muerte
en el lecho del mar.

Amo el amor que se reparte
en besos, lecho y pan.
Amor que puede ser eterno
y puede ser fugaz.
Amor que quiere libertarse
para volver a amar.
Amor divinizado que se acerca
Amor divinizado que se va.)

Ya no se encantarán mis ojos en tus ojos,
ya no se endulzará junto a ti mi dolor.
Pero hacia donde vaya llevaré tu mirada
y hacia donde camines llevarás mi dolor.
Fui tuyo, fuiste mía. Qué más? Juntos hicimos
un recodo en la ruta donde el amor pasó.
Fui tuyo, fuiste mía. Tu serás del que te ame,
del que corte en tu huerto lo que he sembrado yo.
Yo me voy. Estoy triste: pero siempre estoy triste.
Vengo desde tus brazos. No sé hacia dónde voy.
...Desde tu corazón me dice adiós un niño.
Y yo le digo adiós.

Pablo Neruda