segunda-feira, abril 16, 2007

Hipocrisias

Em vésperas de congresso da Fenprof e dado o quadro em que ele se realiza quero aqui deixar um excelente exemplo sobre o que entendo por hipocrisia:

Aqueles comentários, geralmente acompanhados de muita baba, sobre o quão importante foram os comunistas antes do 25 de Abril na luta pela libertação do país seguidos de um dramático “mas depois…”. E a partir daqui há ligeiras variações: uns, mais ribombantes, divagam sobre a tentativa de tomada do poder e instauração de uma tirania vermelha; outros vaticinam a morte do PCP ou a sua descaracterização; alguns crápulas continuam a considerá-lo um partido importante mas não admitem a sua capacidade de influência; muitos indignam-se com o facto de se organizarem para intervir.

Pergunto-me se haverá algum desses comentadores que, depois de pronunciar uma dessas pérolas, se tenha interrogado sobre os métodos de actuação e organização do PCP antes do 25 de Abril. Por ventura acharão que a intervenção nos sindicatos fascistas não era discutida previamente? Considerarão que a participação dos comunistas no MUD e outras estruturas unitárias não era preparada? Pensarão que os militantes nas fábricas e outros locais de trabalho eram uma espécie de Clube Amigos Disney? Tendo a assumir que a resposta é não. Dir-me-ão que os tempos eram outros e que a “democracia” não justifica a manutenção de estruturas organizadas para intervir no movimento unitário. E porque não? Porque são tentativas de influenciar (alguns dirão mesmo: de manipular). É nesta parte que pergunto se o papel dos partidos se esgota nas eleições gerais. Uns dizem sim. Esses tendem a ver a democracia reduzida ao voto ou à participação em lutas parcelares (só sindical, só cultural, só no âmbito dos direitos das mulheres, só na comissão de utentes da saúde, etc). Para esses é proibida a participação em organizações que lutem numa perspectiva política mais ampla. Outros dizem não. Mas são incapazes de admitir que os comunistas o façam respeitando o funcionamento democrático das instituições: se as posições dos comunistas vingam é porque há instrumentalização, se não vingam é porque o PCP já está de pés para a cova.

Ontem como hoje os comunistas lutam pela libertação do povo português, contra o capitalismo e pelo fim da exploração do homem pelo homem.

4 comentários:

Anónimo disse...

É com discursos destes que me reduzo à minha insignificância...

Saudações revolucionárias

Irene Sá disse...

Nada disso ribeiro!
O ribeiro é isso mesmo:(e agora a minha veia poética!) um caminho de água que contribuí para encher o mar.

henrique santos disse...

Estou plenamente de acordo. Aprecio a sua forma de ser: frontal e com argumentos.

Irene Sá disse...

Retribuo a opinião.