terça-feira, setembro 16, 2008

ILEGALIZARAM A ANV!

TEXTO PUBLICADO NO BLOG DA ASEH:

Em tempo recorde, o Supremo Tribunal espanhol ilegalizou a Acção Nacionalista Basca, partido que nos últimos anos assumiu as bandeiras da esquerda independentista e que existia desde 1930. Este partido participou nas célebres eleições de 16 de Fevereiro de 1936 que dariam a vitória à Frente Popular, que incluía a ANV. Durante a guerra civil, este partido organizou batalhões de combatentes antifascistas. Depois, mergulhou durante décadas na clandestinidade. Quando Franco morreu, a ANV regressou à acção política com uma viragem mais à esquerda integrando, em 1978, o Herri Batasuna. Depois da ilegalização deste último, a ANV apresentou-se como representante da esquerda independentista nas eleições municipais. Das 97 localidades em que se pode candidatar, conquistou 31 e conseguiu representação noutras 62. Durante estes últimos anos, por assumir a vanguarda eleitoral da esquerda independentista, foi perseguida e demonizada. Suspenderam-lhe a actividade e depois, através de moções de censura, tentaram dissolver os executivos municipais que detinha. Depois do franquismo, a Acção Nacionalista Basca vê-se perseguida pelo fascismo espanhol.

Como já explicámos aqui, várias vezes, a Associação de Solidariedade com Euskal Herria considera que as ilegalizações de partidos e organizações da esquerda independentista basca não só configuram uma forma de criminalização fascista como também não resolvem a raiz do problema do conflito. Só a autodeterminação do povo basco, o direito a decidir o seu próprio futuro, pode abrir caminho à paz. O caminho não pode ser, portanto, o caminho da criminalização dos direitos cívicos e políticos do povo basco. Esse é o caminho da guerra.

Viva a Acção Nacionalista Basca!
Viva o País Basco livre e socialista!
Borroka da bide bakarra! A luta é o caminho!

Campanha de ajuda humanitária ao povo de Cuba




As Caraíbas, o México o sul dos EUA foram nas últimas semanas
afectados por vários fenómenos naturais extremos que causaram centenas
de vítimas mortais e avultados prejuízos materiais ainda difíceis de
contabilizar.

Em Cuba, afectada no espaço de uma semana e meia por dois furacões e
uma tempestade tropical, e onde o furacão Ike assumiu proporções de
grande gravidade, apenas a notável eficiência dos planos de emergência
cubanos para este tipo de situações evitou que os violentos fenómenos
naturais causassem um drama humano de grandes proporções, existindo
contudo 7 vítimas mortais a lamentar.

Mas a destruição provocada é enorme e sem precedentes: Estima-se que
350.000 casas tenham sido afectadas, 30.000 das quais com capacidade
de reconstrução bastante limitada. Em algumas províncias esses números
significam 80% do total das habitações. Importantes infra-estruturas,
como estradas, rede eléctrica e armazéns de reservas estratégicas,
foram severamente lesadas. Uma primeira estimativa dos prejuízos
causados em Cuba pelos furacões aponta para cerca de 150 milhões de
dólares de prejuízos. Particularmente afectadas pela devastação foram
as culturas agrícolas, o que já obrigou o governo cubano a recorrer a
todas as reservas alimentares para atenuar os efeitos imediatos da
escassez de alimentos.

Cuba é sempre o primeiro país a disponibilizar e a prestar auxílio –
alimentar, médico e técnico - a todos os povos e países vítimas de
catástrofes naturais ou de outras calamidades. Foi o primeiro a
oferecer ajuda aos EUA aquando das terríveis inundações provocadas
pelo Katrina, apenas para referir um exemplo recente e da mesma
natureza. Contudo, mesmo sendo vítima de uma catástrofe natural destas
dimensões, Cuba permanece sujeita ao criminoso bloqueio económico
imposto pelos EUA – o mais longo da história da humanidade.

À semelhança de muitos outros países e organizações por todo o mundo é
tempo de os portugueses furarem o criminoso bloqueio a Cuba e se
mobilizarem para enviar para o País que está sempre na primeira linha
da solidariedade internacional a amizade, o apoio e a ajuda que o povo
de Cuba agora necessita. Cuba está sempre por todos, é altura de todos
estarmos por Cuba.

Assim, por iniciativa da Associação de Amizade Portugal-Cuba, a que se
associam muitas outras organizações sindicais, do movimento da paz, de
variados movimentos sociais e políticos, lança-se em Portugal uma
Campanha de Solidariedade com Cuba "Cuba por Todos, Todos por Cuba",
com o objectivo de fazer chegar ao povo cubano géneros alimentares de
primeira necessidade (conservas, leite em pó, farinhas, massas e
arroz, feijão) e recolher fundos para apoiar a reconstrução em Cuba.

Ao lançar esta campanha a Associação de Amizade Portugal-Cuba e as
organizações subscritoras deste apelo apelam à participação de todas
as organizações, entidades, públicas e privadas e cidadãos, nesta
campanha para apoiar a reconstrução em Cuba.

Brevemente serão disponibilizadas informações sobre outros pontos de
recolha dos alimentos para Cuba e o número da conta bancária para
recepção de toda a solidariedade com que cada um possa contribuir.

Outras iniciativas de solidariedade com o mesmo objectivo serão em
devido tempo comunicadas a todos aqueles que se queiram associar a
esta campanha. Todas as informações podem ser obtidas junto do
Secretariado Permanente da Campanha "Cuba por todos, todos por Cuba"
que funcionará na Casa da Paz, em Lisboa.

As organizações subscritoras:

Associação de Amizade Portugal-Cuba

CGTP/IN

Conselho Português para a Paz e Cooperação

Juventude Comunista Portuguesa

Movimento Democrático das Mulheres

Voz do Operário



CONTACTOS:

Secretariado permanente da Campanha

Casa da Paz

Rua Rodrigo da Fonseca, 56 – 2º – Lisboa (perto do Marquês de Pombal)

Contactos

Telefones: 213 863 375 / 213 863 575

Fax: 213 863 221

Telemóveis: 962 022 207, 962 022 208, 966 342 254, 914 501 963



E-mail: todosporcuba@gmail.com



Centros de Recolha:



Armazém Central de Recolha

Alameda D. Afonso Henriques nº 42 (junto à Fonte Luminosa)

Lisboa

(entrada de viaturas pela Rua do Garrido, lote 748, Lisboa)





Associação de Amizade Portugal-Cuba

Rua Rodrigo da Fonseca 107-r/c-Esq, Lisboa

1070-239 LISBOA

Telefone: 21 385 73 05



Conselho Português para a Paz e Cooperação

Rua Rodrigo da Fonseca, 56 – 2º

1250-193 Lisboa

Telefone: 21 386 33 75 / 21 386 35 75





A Voz do Operário

Rua Voz do Operário, 13

1100-620 LISBOA

Telefone: 21 886 21 55



Movimento Democrático das Mulheres

Avenida Almirante Reis 90,7º-A

1169-161 LISBOA

Telefone: 218 160 980



Junta de Freguesia de São Vicente de Fora

Campo Stª Clara 60

1100-471 LISBOA

Telefone: 21 885 42 60



Juventude Comunista Portuguesa

Av. António Serpa nº 26 – 2º esq

1050-027 Lisboa

Telefone: 21 793 09 73

segunda-feira, julho 21, 2008

tempo de redefinição


Todos os anos, por esta altura, instala-se a crise bloguística. Este, no entanto, tem sido um ano inteiro de crise bloguística. Por isso, e para não deitar por terra os megabytes que já por aqui deixei, prometo que nos próximos dias, entre os banhos de praia e os concertos, vou pensar em detalhe sobre o que fazer com este espaço. E, para satisfazer os meus 6 neurónios anarquistas, vou deixar as velas deste moinho, que têm andado ao sabor do vento, paradas ou girando ocasionalmente, soltas por mais alguns dia e do caos, espero, nascerá a ordem.
Agora VENHA A MÚSICA!

segunda-feira, julho 07, 2008

domingo, junho 29, 2008

Todos ao beberete!

quarta-feira, junho 18, 2008

A FESTA É...



A FESTA É
SONHO
IDEIAS
IDEAL
PRAZER
SOLIDARIEDADE
MILITÂNCIA
LEVANTAR CONSTRUIR
CRESCER
TINTA
MADEIRA
PANO
FERRO
ARTE
OPERÁRIOS ARTISTAS
ARTISTAS OPERÁRIOS
ALEGRIA
AMOR
ESPERANÇA

É NOSSA
É LIBERDADE
E UM PORTUGAL MELHOR

A FESTA ÉS TU

domingo, junho 01, 2008

A evolução do roubo


Quando iniciaram a privatização da galp diziam que esse era o modo dos portugueses se apossarem da empresa. Diziam que assim é que seria verdadeiramente pública porque as pessoas podiam comprar acções e obter desse modo um bocadinho da empresa.
Os 7 membros da comissão executiva da GalpEnergia recebem individualmente e por dia 1314 euros, o que lhes dá para comprar 81 das suas acções ou 995 litros de gasolina.
Acredito que se todos tivéssemos esses rendimentos e pudéssemos comprar acções da galp a empresa seria pública.
Mas a verdade é que à conta destes senhores receberem tanto é que nós recebemos tão pouco.
A verdade é que o joguinho da bolsa é a materialização mais eficaz da expressão "brincar com a vida dos outros".
E se cada português fosse executivo da galp por um dia? Em menos de 4 anos todos teriam a sua quota da empresa - as suas 81 acções...
Nãaaaaa... ainda assim o povo português ficaria apenas com menos de 10% da galp.
Caraças! é precisa muita alienação para se ter deixado passar a negociata da privatização.
Melhor seria então juntarmos o dinheirinho todo (13140000000 euros) para mandarmos todo o governo e a administração da galp para o espaço, pagar o combustível e ainda nos sobrava uma boa maquia. Que tal?

segunda-feira, maio 26, 2008

domingo, maio 25, 2008

As fuínhas, a solidariedade, Cuba e China

O número de vítimas mortais do sismo que afectou a China na semana passada cifra-se já em 55 239. Contam-se também 281 066 feridos e 24 949 pessoas estão ainda desaparecidas.

Ontem, ou anteontem (não me recordo bem), fazendo a minha habitual mudança de postos de rádio enquanto conduzo (este país está a precisar de umas boas rádios pirata) tropecei num em que se debatia a China. A jornalista perguntava, a uma sumidade qualquer, se o governo chinês não teria aproveitado a catástrofe que se abateu sobre o país para desviar as atenções que estavam voltadas para a questão do Tibete e dos direitos humanos e acrescentava outra pergunta - se a aceitação da ajuda internacional não traria também consigo a tentativa de mostrar que afinal os governantes chineses até colocavam as vidas à frente dos interesses políticos. Quando o "comentador" se preparava para responder, e começava a frase com um "Sim..." mudei de posto, creio que para uma dessas missas em que pastores brasileiros falam do céu como quem vende lençóis na feira.
Ainda pensei em voltar atrás e verificar se aquele programa de rádio permitia comentários dos ouvintes. Desejei perguntar àquela jornalista se tinha no lugar do cérebro dejectos de porco e recordar àquela gente que foi o "nosso" ministro da Economia que nos quis vender aos chineses como uma mercadoria barata e não o contrário. Mas enfim, a minha viagem estava a chegar ao fim e não valia a pena, naquele momento, prejudicar a condução por causa de mais uma barbaridade dita em directo para milhares de pessoas.

Enquanto por aqui há gente que se comporta como fuínhas, chega a notícia de Cuba:

Uma equipa de médicos chegou na sexta feira à província de Sichuan, para ajudar nas operações de resgate e socorros.
A equipa é constituída por 35 membros, cirurgiões e ortopedistas, e levou consigo 3,5 toneladas de medicamentos.

Solidariedade Internacional e Educação

Sob o risco de tornar este espaço num assinalar de datas e numa agenda de lutas, aqui ficam duas iniciativas:

Os 60 anos de Nakba


O Encontro Nacional do PCP sobre questões de Educação

segunda-feira, maio 19, 2008

Ó Alentejo esquecido ainda um dia hás-de cantar!


Foi a 19 de Maio de 1954, fazem hoje 54 anos, que Catarina Eufémia foi assassinada em terras de Baleizão pelas forças do regime fascista, com um filho pela mão e outro na barriga (este morreu com ela).

Lutava por pão e trabalho e, rapidamente, tornou-se um símbolo da resistência do proletariado rural alentejano à repressão e à exploração do salazarismo e, ao mesmo tempo, um símbolo do combate pela liberdade e da emancipação da mulher portuguesa.

Nos tempos que correm, o exemplo de Catarina Eufémia continua a inspirar homens e mulheres que lutam, ainda, pelo fim da exploração, por uma sociedade mais justa e fraterna.



quarta-feira, maio 14, 2008

A LUTA CONTINUA

terça-feira, maio 13, 2008

O falso

História 15

Estava convicto que tinha de ser feliz.
Sorria por militância.
Aconteceu-lhe uma desgraça. Sorriu.
Chamaram-lhe falso.

segunda-feira, maio 12, 2008

"Onde há capitalismo não pode haver igualdade entre homens e mulheres"



Mulheres em resistência ontem e hoje.
Apresentação video realizada para o Encontro Nacional do PCP sobre os direitos das Mulheres.

quinta-feira, abril 24, 2008

Viure (viver) - Obrint Pas

Era preciso um grupo catalão para que em 2007 se fizesse uma música sobre o 25 de Abril (bem sei que é um outro, mais remoto, de 1707. Mas a assenta que nem uma luva no nosso 25 - até melhor do que no deles)


Ara que estic trist

Agora que estou triste
intente recordar

tento recordar
per les carreteres

pelas ruas
de la meua soledat

da minha solidão
I em torna aquella olor

E vem-me aquele odor
de pólvora cremant

de pólvora queimada
i el roig de les fogueres

E o vermelho das fogueiras
de les nits de Sant Joan!

das noites de São João
La festa als carrers

A festa nas ruas
la pluja d´estels

A chuva de estrelas
el 25 d´abril

O 25 de Abril
amb un nus als sentiments

e um nó nos sentimentos
L´esperança als ulls

A esperança nos olhos
les banderes al vent

As bandeiras ao vento
i les ganes de viure

E a vontade de viver
de la meua gent

da minha gente

Lluitar, crear

Lutar, criar
construir poder popular!

Construir o poder popular!

Ara que he tornat

Agora que voltei
refaig els caminars

refaço os caminhos
pels carrers i les places

pelas ruas e pelas praças
del lloc on em vaig criar

do lugar onde nasci
I em torna a despertar

E volta a despertar
aquell vell campanar

Aquele velho sino
i el soroll de les traques

e o ruído das salvas
muixerangues i gegants

Muixerangues* e gigantes
Les velles cançons

As velhas canções
les noves emocions

As novas emoções
els 25 d´abril

Os 25 de Abril
construint les il·lusions!

Construindo as ilusões
La vida dins dels punys

A vida nos punhos
la lluita dins la pell

A luta na pele
i les ganes de viure

E a vontade de viver
de la meua gent

Da minha gente

Lluitar, crear

Lutar, criar
construir poder popular!

Construir o poder popular!




terça-feira, abril 22, 2008

Desabafo político-sindical

Este professores que votaram no PS, chatearam-se com o Governo, fizeram um movimento dos professores arrependidos, foram à manifestação, não obtiveram a vitória ao virar da esquina, desesperaram, quando surge um entendimento táctico revoltam-se contra os sindicatos, baixam os braços, culpam o PCP e quando chega Fevereiro votam PSD, irritam-me.

sexta-feira, abril 18, 2008

2 eventos, 7 links e 1 etiqueta

Askatasuna = Liberdade
Solidariedade com o País Basco também assinalada no 25 de Abril


E na véspera:
comemorar a chegada da mais bela das madrugadas com os camaradas de sempre

Atenção ao 6 links adicionados na coluna ao lado:
- correcção ao blog da crew-L;
- Dalaiama - já viram por aí o capitalista de cartola
que persegue pássaros e vomita euros?;
- ASEH - Associação de Solidariedade com Euskal Herria (já faltava aqui há muito tempo);
- O Quotidiano da Miséria - mais um blog vermelho (escrito a norte);
- Rádio Moscovo - A emitir desde o início de Abril
- Novo blog de Fotos da Marta;
- Fotos do Raul Lourenço.

E agora juntei às etiquetas, uma outra que também já Faltava:
BASKARIA

segunda-feira, abril 14, 2008

problemas informáticos e a educação pública


Nas últimas semanas a minha paciência, destreza e conhecimentos do mundo informático tem sido postos à prova.
Num piscar de olhos entraram-me pelo computador a dentro nove vírus.
Os malditos banquetearam-se com meu dispositivo de som e transformaram-me numa surda cibernética. Vi-me profundamente limitada e resolvi dar luta.
Fui obrigada a formatar o disco e foi como se me tivessem feito uma lobotomia.
Para além de ter de correr meio mundo à procura dos programas que tinha instalados descobri que a drive dos cds deve ter servido de pista de dança para o festim dos quatrocentos e tal problemas detectados e que, misteriosamente, a placa de rede do computador despareceu (ou está muito bem escondinha dentro do paralelepípedo de 32 x 26 x 2 cm).
Neste preciso momento estou a realizar uma acrobacia fantástica: estou na escola a tentar passar os programas que estão nos cds para a pendrive num computador. Depois vou tentar instalá-los na minha desgraçada máquina. Tudo isto tentando escapar à vigilância do senhor delegado do ministério que ciranda pelos corredores desta escola. Não que esteja a fazer nada de ilegal ou perigoso, mas nos dias que correm se estas criaturas vislumbram uma professora a postar um cartaz como este que aqui mostro com os recursos da escola é bem capaz de levar um processo disciplinar. Felizmente o senhor está distraído a ver a página do jornal A Bola.
No entretanto, e porque não sei quando voltarei a ter uma oportunidade de me ligar ao mundo como rapariga vermelha, deixo este cartaz do Ricardo Levins Morales sobre a defesa da educação pública.

terça-feira, abril 08, 2008

Pássaros, superstições e contradições

Vi um pássaro morto

Na beira da estrada

E ao vê-lo, Espetou-se-me

uma faca no peito


Naquele sítio,

Naquele momento, confesso,

perdi a esperança.


Contive-me.

Era um disparate.


Mas não mais parei de pensar:

Não basta ao pássaro ser pássaro e ser livre,

É preciso que esteja vivo.


Mas não mais parei de pensar:

Se renovas a esperança quando o ouves cantar,

Porque não perdê-la quando morre?


Contive-me.

Era um disparate.


Lá diz a canção:

Por morrer uma andorinha não acaba a Primavera.


segunda-feira, abril 07, 2008

sexta-feira, abril 04, 2008

A REVOLUÇÃO RUSSA E O SÉCULO SOVIÉTICO

clicar na imagem para ampliar

Pedro Jorge: A liberdade defende-se exercendo-a!

Pedro Jorge, Electricista e dirigente sindical, interveio no Programa Prós e Contras de 28/1/2008. Motivo invocado esta semana pelo patronato para lhe mover um processo disciplinar para despedimento: dizer a verdade em público! No vídeo anexo reproduzimos as 4 intervenções de Pedro Jorge no programa. São um libelo à liberdade que nos têm destinada as classes dominantes: a liberdade dos escravos. Por Abril, a luta continua! As liberdades defendem-se exercendo-as!
em www.dorl.pcp.pt

quinta-feira, abril 03, 2008

uma vida, uma quê?!

Hoje recebi por mail um manifesto sobre uma frase, cínica ao mais alto grau, que aparece na página de abertura do site da Direcção Geral dos Recursos Humanos da Educação (agora que se aproximam os concursos para professores) , e que aqui transcrevo integralmente:

"Uma vida, uma carreira"

- Nós, eternos contratados/desempregados com 6,10, 20 e mais anos de serviço, recebendo menos de metade dos efectivos, apanhando as escolas, os horários e as turmas que mais ninguém quer e gastando muitas vezes a vida olhando a carreira por um canudo

- Nós, com uma vida de sacrifícios infra-humanos, ao serviço de um Estado-patrão que exige para os privados o que não cumpre na própria casa - 3 anos de serviço + 3 = efectivação em lugar de quadro (Dec-Lei 99/2003)

- Nós, pelo amor à profissão docente e aos alunos, abdicando de direitos constitucionais tão elementares como o direito à família e casa própria

- Nós, que nos sujeitamos até 26 de Abril de 2000 (data da saída do DL 67/2000) a cada 31 de Agosto ser atirados pelo patrão (ME) para um desemprego involuntário tão ignóbil como totalmente desprotegido

- Nós que até há escassos anos, perdíamos a ADSE logo após o termo do contrato,e se caíssemos doentes, nem apoio na doença nem subsídio de desemprego...

Nós não sabemos qual o significado dessa frase.... e só entendemos a sua introdução no site da DGRHE como uma brincadeira de mau gosto. De muito mau gosto, mesmo. Um provocação de um cinismo ao mais alto grau, feita a várias gerações de colegas eventuais, provisórios e contratados, que não estamos de todo dispostos a tolerar!


quarta-feira, abril 02, 2008

Os 5 anos da ocupação do Iraque e outras datas não redondas

Places the U.S. Has Bombed Since WWII
Josh MacPhee

terça-feira, março 18, 2008

Contra a precariedade!

Democracia à portuguesa - um texto atrasado

“Os professores ainda não compreenderam”, dizia Maria de Lurdes Rodrigues com a sua máscara cândida e de quem parece transportar às costas uma cruz de sacrifício e abnegado labor em prol da nação. Ou a “bem da nação”, como se dizia noutros tempos. Cerca de 100.000 docentes, de acordo com as afirmações ministeriais, não terão ainda atingido a genialidade política que consiste em transformar a educação portuguesa na melhor do mundo através do encerramento e privatização de escolas, da diminuição dos apoios sociais aos estudantes, da liquidação do conceito de escola inclusiva, do arrasar da gestão democrática e a instauração (ou restauração) do Senhor Reitor todo-poderoso e centralizador, mão do poder nas escolas para tornar tudo e todos em máquinas de servir os desígnios e interesses de uns poucos, da subjugação dos conteúdos científicos e das estratégias pedagógicas ao financismo, ao mercantilismo e à lógica de que todo o investimento que não vise o lucro imediato e privado é um despesismo, da divisão da classe dos professores, do desrespeito pelo papel do professor – retirando-lhes a sua autoridade e atribuindo-lhes tarefas cada vez mais distantes do seu conteúdo funcional -. Uma genialidade tão profunda que só raras mentes iluminadas são capazes de vislumbrar os resultados, uma genialidade que dispensa o património de experiência e vivência directa da realidade de milhares e milhares de professores e educadores, uma genialidade capaz de ignorar a insatisfação generalizada nas escolas.

Sim, os professores não são capazes de almejar tamanha sabedoria e por isso também se justifica o amarrotar da democracia.

A seráfica Marilú, qual virgem no altar, presta-se mais uma vez ao papel de mártir e assume, em conjunto com o seu santo governo, todas as decisões que a imensa, ignorante e mal-agradecida turba docente não tem grandeza para assumir.

A divina ministra é tão generosa que até compreende a insatisfação dos professores e educadores. Estes, tão miseravelmente mundanos, agarram-se a pormenores como o aumento da carga horária, o desempenho de funções estranhas à sua profissão, o desenvolvimento crescente de tarefas burocráticas em detrimento das pedagógicas e a falta de condições físicas e materiais.

A voz mais grossa, e menos chorosa, do ministro Santos Silva revela, por seu turno, o cavaleiro da democracia. Esclarece que nada se deve a Álvaro Cunhal ou a Mário Nogueira, e, por arrasto, ao partido em que um militou toda a vida e em que outro milita, alerta-nos para o perigo da “ditadura vermelha”, essa que os bravos socialistas impediram de ser instaurada. Santos Silva não necessita provar o que diz e só mentes muito pequenas e mesquinhas podem levantar questões como: a inexistência ministros com pasta comunistas nos sucessivos governos provisórios que se seguiram ao 25 de Abril; a forma como o PS mudou radicalmente de discurso entre Março e Maio de 1975 – da defesa de uma aliança de esquerda à defesa de uma “esquerda democrática”, a associação desta mudança e discurso às relações que se estabeleceram entre Carlucci e Mário Soares; a defesa que o PS (e o MES onde então militava Santos Silva) fazia, na altura, de muitos dos princípios e medidas que hoje associa à “ditadura comunista”; a confrontação com provas de que o 25 de Novembro de 1975 não foi um bem sucedido golpe de direita mas uma tentativa falhada de um golpe comunista.

Santos Silva, o anjo Gabriel da democracia, previne-nos contra o perigo que é o exercício da pressão popular sobre um ministro. Não adianta nada sobre a pressão dos grandes capitalistas sobre o governo. Essa não é perigosa, enquadra-se no âmbito da “democracia” que defende. Regista que é antidemocrático haver manifestações contra si enquanto ministro quando vai a uma reunião do PS mas quanto à obrigatoriedade de entrega dos ficheiros partidários no Tribunal Constitucional não manifesta a mesma opinião.

Também Emídio Rangel, menos compreensivo de Maria de Lurdes Rodrigues, esclarece que estes professores “transformaram-se em soldados do Partido Comunista, para todo o serviço”, um perigo, já se vê. E acrescenta sem papas na língua, revelando um “profundíssimo” conhecimento sobre a realidade da Educação em Portugal: “– Portugal não pode continuar a pôr cá fora jovens analfabetos, incultos e impreparados, como acontecia até aqui.
– Os professores colaboraram com um sistema iníquo que permitia faltas sem limites, baixas prolongadas sem justificação e incumprimento dos programas escolares.
– Os professores não são todos iguais. Quero referir-me àqueles que sem nenhuma vocação (com ou sem curso Superior) instalaram um culto madraceirão que ninguém punha em causa nem responsabilizava, mas que estava a matar o ensino.”

Rangel é o paradigma da verdade quando refere “estes pseudoprofessores que trabalham pouco, ensinam menos, não aceitam avaliações” e um fiel escudeiro que enaltece a sua dama: “Maria de Lurdes Rodrigues é uma ministra determinada. Bem haja pela sua coragem. Por ter introduzido um sistema de avaliação dos professores, por ter chamado os pais a intervir, por ter fechado escolas sem alunos, por ter prolongado os horários e criado as aulas de substituição, por ter resolvido o problema da colocação dos professores, por ter introduzido o Inglês, por levar a informática aos lugares mais recônditos do País. Estas entre outras medidas já deram frutos. Diminuiu o abandono escolar, os métodos escolares estão a criar alunos mais preparados, os graus de exigência aumentaram.”

Rangel só não explica que já existia um sistema de avaliação, que os pais cada vez menos participam nas actividades escolares dos filhos, que já foram encerradas escolas com 20 ou mais alunos e que a desertificação do interior do país se acentuou com estes encerramentos, que o prolongamento dos horários está a ser feito de forma anti-pedagógica, que as aulas de substituição não resolveram absolutamente nada, que há cada vez mais desemprego docente e é crescente o número de denúncias sobre irregularidades nas colocações, que as necessidades de ensino de Português estão a ser preteridas, assim como o Inglês nos 2º e 3º ciclos do Ensino Básico, e que no 1º ciclo só estão a servir para encher os bolsos de alguns amigos de autarcas. Tudo questões menores.

E viva a democracia.



terça-feira, março 11, 2008

Cuidado com o que diz senhor ministro

Sábado, 8 de Março de 2008

Carta Aberta ao Senhor Ministro dos Assuntos Parlamentares

Exmº Senhor Ministro Augusto Santos Silva,

Venho por este meio informá-lo que me sinto insultado pelas suas afirmações proferidas ontem à noite, em Chaves e dadas hoje à estampa na comunicação social escrita.

Foi o comunista do meu pai, Sérgio Vilarigues, que esteve preso 7 anos (dos 19 aos 26) no Aljube, em Peniche, em Angra e no campo de concentração do Tarrafal para onde foi enviado já com a pena terminada. Que foi libertado por «amnistia» em 1940, quatro anos depois de ter terminado a pena. Que passou 32 anos na clandestinidade no interior do país, o que constitui um recorde europeu. Não foi ao seu pai, e ainda bem, que tal sucedeu.

Foi a comunista da minha mãe, Maria Alda Nogueira, que, estando literalmente de malas feitas para ir trabalhar em França com a equipa de Irène Joliot-Curie, pegou nas mesmas malas e passou à clandestinidade em 1949. Que presa em 1958 passou 9 anos e 2 meses nos calabouços fascistas. Que durante todo esse período o único contacto físico próximo que teve com o filho (dos 5 aos 15 anos) foi de 3 horas por ano (!!!). Que, sublinhe-se, foi condecorada pelo Presidente da República Mário Soares com a Ordem da Liberdade em 1988. Não foi à sua mãe, e ainda bem, que tal sucedeu.

Foi a mãe das minhas filhas, Lígia Calapez Gomes, quem, em 1965, com 18 anos, foi a primeira jovem legal, menor (na altura a maioridade era aos 21 anos), a ser condenada a prisão maior por motivos políticos – 3 anos em Caxias. Não foi à sua esposa, e ainda bem, que tal sucedeu.

Foi a minha filha mais velha, Sofia Gomes Vilarigues, quem até aos 2 anos e meio não soube nem o nome, nem a profissão dos pais, na clandestinidade de 1971 a 1974. Não foi à sua filha, e ainda bem, que tal sucedeu.

Fui eu, António Vilarigues, quem aos 17 anos, em Junho de 1971, passou à clandestinidade. Não foi a si, e ainda bem, que tal sucedeu.

Foi o caso do primeiro Comité Central do Partido Comunista Português eleito depois do 25 de Abril de 1974. Dos 36 membros efectivos e suplentes eleitos no VII Congresso (Extraordinário) do PCP em 20 de Outubro de 1974, apenas 4 não tinham estado presos nas masmorras fascistas. Dois tinham mais de 21 anos de prisão. Com mais de 10 anos de prisão eram 15, entre eles Álvaro Cunhal (13 anos).

São casos entre milhares de outros (Haja Memória) presos, torturados e até assassinados pelo fascismo. Para que houvesse paz, democracia e liberdade no nosso país.
Para que o senhor ministro pudesse insultar em liberdade. Falta-lhe a verticalidade destes homens e mulheres. Por isso sei que não se retratará, nem muito menos pedirá desculpas. As atitudes ficam com quem as praticam.

Penalva do Castelo, 8 de Março de 2008

António Nogueira de Matos Vilarigues

O Pintor Morreu

ROGÉRIO RIBEIRODo painel das Descobertas . Mão Aberta - Intervenção na Estação de Metro de Santa Lucia em Santiago do Chile

Partir é ir. É concluir um desejo. É começá-lo. Partir é pois um acto de boaventurança. Barcos novos carregados dos precisos, de homens que se vão conhecendo, de mapas, garantias e esperanças.
Partir é enterrar as más chegadas e acreditar que o destino não é coisa que se repita.

Painel da Viagem. A Boaventura da Partida - na mesma intervenção

segunda-feira, março 10, 2008

quinta-feira, março 06, 2008

segunda-feira, março 03, 2008

quinta-feira, fevereiro 28, 2008

27 de Fevereiro

... de 1801: a Espanha declara guerra a Portugal, no âmbito da aliança com a França.
Entre os dois estados estabeleceu-se um acordo secreto de partilha de Portugal.

sábado, fevereiro 16, 2008

PCP da Amadora repudia acórdão que condena dirigente sindical

A Comissão Concelhia da Amadora reunida no dia 12 de Fevereiro de 2008 decidiu por unanimidade repudiar o acórdão do tribunal que condenou um dirigente sindical a pena de prisão, colocando-o ao lado de qualquer criminoso comum, por este ter feito uso de uma prerrogativa do seu estatuto de defensor dos trabalhadores há vários meses sem salários que, por falta de saídas visíveis se manifestaram pacificamente, exigindo os seus direitos.

Estes direitos, por consigne, constam de uma decisão judicial que o patronato pura e simplesmente ignorou, sem que nada lhe tivesse acontecido.

Esta situação põe a nu o que de pior têm estas políticas e este governo PS anti-trabalhadores, que não obriga o patrão devedor a cumprir ordens judiciais e condena os dirigentes sindicais que lutam em defesa do cumprimento da legalidade.


Comissão Concelhia da Amadora do PCP
13 de Janeiro de 2008

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Sempre que respiro... mudo

Há 100 anos mataram o rei

100 anos depois do regicídio ouvem-se vozes bafientas de um saudosismo hipócrita defender e reclamar o regresso à monarquia. Por outro lado, a desinformação, o desespero e a falta de perspectivas levam muita gente a considerar essa hipótese como válida. É necessário recordar que na génese da monarquia está uma sociedade estratificada, hierarquizada, incompatível com a democracia e a igualdade. E é também importante refrescar a memória e lembrar que o penúltimo rei de Portugal, nutria um profundo desprezo pelo seu povo que, esmagadoramente, vivia em condições deploráveis e desesperantes enquanto ele, D. Carlos, esbanjava os dinheiros públicos. É necessário lembrar que esse mesmo rei deu carta branca a um ditador que levou a economia portuguesa ao colapso. E é fundamental sabermos que 101 anos antes outro rei abandonou o seu povo fugindo das invasões francesas. E que a história da monarquia é a história do velho, ultrapassado e obsoleto regime da subjugação. A solução passa por olhar em frente.

A propósito desta data transcrevo aqui excertos de um livro do controverso Miguel Unamuno. Um intelectual que se iludiu e tomou o partido errado, mas que meses antes de morrer proferiu a famosa frase "vencereis mas não convencereis" que lhe custou a expulsão por Franco do seu cargo de reitor da Universidade de Salamanca.

Do livro PORTUGAL, POVO DE SUICIDAS

"O Rei D. Carlos (…) não precisava de João Franco para atrair a si o ódio do seu povo. Nem na outra, assim Era quase unanimemente execrado. Tinha conseguido unir os seus súbditos num sentimento comum a seu respeito; de ódio misturado com desprezo. Está correcto que de todos os lados a imprensa tenha condenado o assassínio; assim o pede a moral que professamos com maior ou menor sinceridade; mas como penso que acima de todos os amores se deve colocar o amor à verdade, tenho de dizer que os tiros sobre o rei partiram das próprias entranhas do povo português. E se a execução do Rei D. Carlos é execrável, é-o como é a execução de qualquer réu. D. Carlos estava julgado e condenado pelo seu povo.

Estive por diversas vezes em Portugal. Convivi com muitos portugueses e a nenhum ouvi alguma vez defender o defunto rei. Não tinha, em rigor, um único partidário. Contavam-se a seu respeito coisas execráveis e horrendas. Ouvi a pessoas que com ele trataram, até a um que foi seu ministro, coisas realmente incontáveis em público. Oliveira Martins (…) deixou o Ministério dizendo que o rei era um monstro de perversidade. Há que ouvir contar as circunstâncias que precederam o suicídio de Mouzinho de Albuquerque, o herói de África, que ao regressar do seu governo colonial, rodeado de um imenso prestígio, foi nomeado preceptor dos filhos do rei e acabou por suicidar-se.

Talvez a história algum dia venha a guardar alguma coisa de tudo isto (…) e a julgar D. Carlos.

Mas de entre as muitas coisas, todas elas vergonhosíssimas, que ouvi acerca do infeliz monarca, a que porventura se me afigura mais grave, se bem que de um ponto de vista moral recorrente possa aos outros não o parecer, é que ele desprezava o seu povo. O pecado mais grave de D. Carlos, o seu pecado imperdoável, é que desprezava Portugal. Costumava dizer, falando da pátria onde reinava: Isto é uma piolheira. E assim como o Evangelho diz que pecados contra o Espírito Santo não têm remissão nem nesta vida nem na outra, assim é pecado irremissível o desprezo de um soberano pelo seu povo. A circunstância de não ser um homem privado de inteligência ou sequer vulgar, agrava a sua culpa a esse respeito. O defunto D. Carlos não era um idiota nem se pode dizer que fosse uma inteligência vulgar. O que ele foi sempre foi um egoísta astuto e um desenfreado gozador da vida.

E este desgraçado monarca fez uma espécie de pacto com João Franco, o ditador (…)

O pacto consistiu em que Franco daria ao rei aquilo que este necessitava, ouro, justificando de uma ou de outra maneira os adiantamentos ou antecipações ilegais do Tesouro Público e aumentando-lhe a lista civil, e o rei daria a Franco o que a este apetecia com frenesi de monomaníaco: o poder.

Porque o apetite de poder que atingira Franco era uma verdadeira loucura. (…) cabe dizer que o lema de Franco era: conserva o poder, honradamente se puderes, mas conserva-o.

(…) Para lograr levar a cabo esses seus supostos bons propósitos havia um grande obstáculo, que era a própria causa do poder: ter transigido com as artimanhas do rei. É difícil cimentar uma administração honrada com um poder que deve a sua origem a uma violação da estrita honradez pública.

Franco cometeu imensos atropelos para reduzir o montante das dívidas do rei. E chamar-lhes dívidas é o menos que se ode dizer…

(…)

E ambos, o rei e o seu ministro, desconheciam o seu povo. O que nada tem de estranho, visto que o desconhecia – e continua talvez a desconhecer – a maior parte dos portugueses europeizantes ou europeizados (…)

O povo português tem, como o galego, fama de ser um povo sofrido e resignado, que tudo suporta sem protestar, a não ser passivamente. E, no entanto, há que ter cuidado com povos como esses. A ira mais terrível é a dos mansos.

Nem me espanta que no complexo sentimento produzido pela notícia do regicídio, na alma dos portugueses aqui imigrados, entre em não pequena medida algo de orgulho nacional. Condenavam a execução, mas pareciam querer dizer: “ vejam do que ainda somos capazes”. Um destes imigrados, ao ler nos jornais que um dos regicidas era espanhol, deixou escapar este desabafo: “não, não, eram todos portugueses, tenho a certeza”.

Sem qualquer cumplicidade no acto, ainda que remota, ao serem surpreendidos pela notícia, orgulhavam-se de que na sua pátria tivesse havido homens com a coragem suficiente para levar a cabo essa execução terrível, da maneira como o fizeram, cara a cara e expondo-se (…)

Portanto, nem o Rei D. Carlos nem João Franco conheciam o seu povo. E aquele demonstrou cabalmente não o conhecer nas suas famosas declarações ao redactor de Le Temps, declarações que constituíam uma verdadeira provocação à mansidão de um povo. Este dormia e rei e ditador despertaram-no.

É muito doloroso mas o certo é que a consciência dos povos adormecidos só desperta com actos de violência. E é ainda mais doloroso porque no comum dos casos não chega um abanão apenas; o dormente volta a adormecer, embora de um sono mais ligeiro e necessita de nova excitação.

Mas pondo de parte o caso concreto, há que reconhecer todo o trágico da escravidão de um monarca.

Um presidente do Conselho de Ministros, um presidente da República, é um homem que se dedicou à política, escolhendo com mais ou menos consciência e determinação essa profissão; é alguém que procurou o lugar, apresentando a sua candidatura ou deixando que outros a apresentassem. Um rei, não. Um rei é um escravo de nascimento que, como quase todos os nascidos em escravidão, não têm força de vontade nem lucidez para se libertar das cadeias com que nasceu.

Não seria terrível obrigar os filhos mais velhos a seguir a profissão de seus pais? Não consideraríamos que era uma tirania intolerável.

(…) Se bem que o regicídio seja considerado um crime, há que reconhecer que a maior parte das vezes é um crime de direito público, não de direito privado.

E neste caso concreto do regicídio de D. Carlos não se deve perder de vista que foi levado a cabo num país com Portugal, onde a pena de morte foi abolida há já algum tempo e onde chegou a haver distúrbios públicos para impedir que se executasse um condenado a ela. É mais uma prova do que é a ira do manso.

Nesse povo brando, pacífico, sofrido e resignado, mas por dentro cheio de paixão, os crimes de sangue são raros, muito raros, raríssimos; mas entre os que ocorrem muitos parece haver que são mais atrozes e violentos do que aqui, em Espanha, onde por desgraça tais crimes são mais frequentes, muito mais frequentes do que lá.

(…)"

Fevereiro de 1908

terça-feira, janeiro 29, 2008

num momento de introspecção

Devo ter propensão para crimes passionais.
... e tenho uma excelente pontaria.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

em estado de conflito

Quando me escondo o que escondo é o conflito.
Não me escondo a mim...
... A não ser que eu seja conflito em estado puro.
Escondida sou conflito em potência.

Dúvida

O que é pior?
Ser-se lírico, pragmático ou esquizofrénico?

quinta-feira, janeiro 24, 2008

nº23 já disponível no


quarta-feira, janeiro 23, 2008

Curso de Jogador de futebol dá equivalência ao 9º ano

Era uma vez o ensino unificado, com uma formação universal, de conteúdos e competências que, em diversas áreas, todos deviam adquirir para estarem melhor apetrechados para responderem às necessidades individuais e da sociedade. Era uma vez uma formação enriquecedora nascida da revolução de Abril.
... Segue-se na imagem o capítulo seguinte desta saga.... Mas a continuação temos todos de a construir para que esta história tenha um fim feliz.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

A falta de espinha de António Avelãs


Têm sido muitos os momentos de decepção na minha vida. Têm sido ainda mais os momentos de frustração. Mas não tenho tido muitas “oportunidades” para de modo cru, imediato, ofuscante e, de certa forma, até “pedagógico” constatar como há supostos seres humanos absolutamente desprovidos de princípios e de palavra. Infelizmente, por poucos que sejam esses episódios, são sempre em demasia.

É um desses episódios que vou contar.

Não se trata propriamente de uma decepção. De há muito que não alimento qualquer expectativa positiva em relação a esta criatura, conheço aliás variadíssimos feitos seus que afastam tal ser da classificação de gente. O sucedido foi mais como uma lição de vida. Como se, por momentos, tivesse espreitado para dentro da caixa de Pandora antes da mesma se ter esvaziado, como se tivesse tido o vislumbre do puro conceito de mentira ou de mentiroso.

É que, por mais que experimentemos na pele e na boca as chicotadas e o sabor da vilania, agarramo-nos sempre à crença de que o nosso semelhante não pode ser assim tão mau. É como questiona Brecht na Difícil Arte de Governar: “será que
Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira
São coisas que custam a aprender?”

Faz hoje, segunda-feira, uma semana, fui chamada de urgência ao sindicato (SPGL) para uma reunião de urgência da Comissão Eleitoral. Em causa estava o facto da Lista A (que se apossou ilegitimamente da direcção sindical) querer à força aparecer com um candidato seu a nível regional.

Dias antes tinha estalado a confusão. Provocada pela incompetência e pelo propositado caos processual dos pretensos dirigentes, esclareça-se. O regulamento eleitoral, que não foi aprovado pela Assembleia Geral de Delegados Sindicais (por não ter reunido o quórum necessário) contem inúmeros erros e lacunas – apesar de alguns sócios terem chamado atenção para alguns deles! – O documento resulta do copy-paste de outros regulamentos e está completamente desadequado à presente situação. Não compatibiliza, por exemplo, a existência de candidaturas individuais com a comissão eleitoral, prevê, por outro lado, a possibilidade de poderem votar eleitores (delegados sindicais) depois da publicação dos cadernos eleitorais! É, portanto, um regulamento que não ajuda muito à manutenção da igualdade de oportunidades entre as candidaturas. O dito presidente do sindicato, professor António Avelãs, abordou o colega Luís Filipe Carvalho, propondo-o como candidato regional (de Lisboa) em nome da direcção. Convém aqui esclarecer que são dois os delegados da região de Lisboa a eleger ao congresso da CGTP; um no seio da direcção e outro de entre os delegados sindicais de cada região. O colega aceitou o convite julgando tratar-se do nome a ser eleito pela Direcção Regional de Lisboa. Era mais do que natural que assim fosse: a Lista B foi a eleita para esta direcção regional e o colega Luís Filipe é, para além de um elemento eleito pela Lista B, um dos sindicalistas que assegura a ligação ao movimento sindical unitário através da União dos Sindicatos de Lisboa. Entretanto, e precavendo a “tendência” dos actuais dirigentes de cúpula para a chapelada, o Luís Filipe candidatou-se também a título individual por proposta da Lista B.

A reunião da Direcção Regional de Lisboa fez-se no mesmo dia que a primeira da Comissão Eleitoral. Levianamente, nessa reunião, que não foi convocada para se proceder à referida eleição, fez-se, apressadamente, a “nomeação” ou “indicação” do delegado ao congresso da CGTP e, pasme-se, não foi o colega Luís Filipe.

Na reunião da Comissão Eleitoral constatou-se então a existência de duas declarações de candidatura da mesma pessoa: uma anexa à da Lista B e outra junto com as da Lista A, mas com uma diferença: esta última era diferente das restantes da mesma lista – o que denunciava uma abordagem diferente.

A estratégia dos supostos dirigentes falhara e tornara-se clara – colar este reconhecido activista à Lista A, criando assim a ideia de uma divisão na Lista B, por um lado, e de tolerância e espírito unitário da Lista A, por outro. Falhara porque os sindicalistas da Lista B não propuseram outro candidato a nível regional. Se o tivessem feito o candidato Luís Filipe (que aceitara ser candidato a ser eleito na Direcção Regional) apareceria em oposição a outro candidato proposto, conotado com a Lista B.

A situação ficou pendente e para resolução posterior. Concluiu-se depois que os candidatos, o sendo a título individual, não apareceriam ligados a nenhuma lista.

Mas nesta situação, os pretensos dirigentes tinha de justificar a inexistência de um candidato regional conotado com a Lista A e existência de apenas um reconhecido como sendo da Lista B. Daí a convocação urgente da Comissão Eleitoral.

Como esperáramos, a Lista A, representada por António Avelãs (que não tinha sido indicado para a Comissão Eleitoral e que esteve ali, cumulativamente, representando a direcção), pretendia acrescentar uma explicação sobre a inexistência de um candidato regional seu. A Lista B aceitou na condição de os candidatos regionais poderem, em condições de igualdade, escrever textos de apresentação das suas candidaturas. A resposta dada pelo representante da Lista A e representante da Direcção, o invertebrado António Avelãs, foi também a esperada: havia condições para as listas alterarem os seus textos mas não para os 7 candidatos regionais escreverem os seus. Segundo o duplo representante, no dia seguinte de manhã os textos deveriam ser enviados. Argumentámos que os contactaríamos e se os mesmos tivessem essa possibilidade o fariam, se não, ficariam com os seus textos apenas publicados na página web do sindicato. Não, não e não, responderam, já não apenas Avelãs mas também, os elementos da Mesa da Assembleia Geral. Diziam que assim não seria justo porque não havia tempo útil. Curiosa justificação dada por quem, há cerca de ano e meio, convocou numa sexta-feira à tarde e no sábado de manhã uma tomada de posse para a segunda-feira seguinte às 18 horas (para evitar que a providência cautelar interposta pela Lista B suspendesse os actos). Contra-argumentámos que se havia tempo para as listas alterarem os seus textos também deveria haver para os candidatos regionais se pronunciarem sobre os referidos apoios. A esta exposição a resposta foi mais inesperada: “no plano dos princípios isso é justo, mas não dá!” Dada a inflexibilidade, acabámos por acordar que não seria enviado nenhum texto dos candidatos regionais mas que as listas só poderiam escrever nos seus documentos quem eram os candidatos apoiados, e nada mais. “Nem mais uma linha!”, repeti três vezes e por três vezes António Avelãs concordou: “Nem mais uma linha!

A LISTA A decidiu apoiar Luís Filipe de Carvalho como delegado

a eleger pela Assembleia de Delegados Sindicais da Região de Lisboa.

Esta situação, previamente acordada com o candidato, resulta dos

seguintes factos:

1. O referido dirigente, eleito pela Lista B nas últimas eleições como

membro da Direcção Regional de Lisboa, é o representante do SPGL

na Comissão Executiva da USL.

2-A USL não o indicou como delegado por inerência ao Congresso.

3- Não faz sentido que o representante do SPGL na Comissão

Executiva da USL não seja delegado ao Congresso da CGTP-IN.”

Este é o texto acrescentado pela Lista A ao documento que chegou aos sócios. Como se verifica, não foi mais uma linha, mas sim 10! Para além de “sacudir a água” para cima da União dos Sindicatos de Lisboa (que apenas podia indicar 4 pessoas para o congresso), para além de não assumir que não elegeu o colega Luís Filipe pela Direcção Regional de Lisboa, a Lista A, na pessoa de António Avelãs, demonstrou assim (se dúvidas houvesse) que é um ser escorregadio, algo entre um safio e uma sangue-suga, falta vergonhosamente ao compromisso assumido na Comissão Eleitoral e evita que o mesmo se pronuncie através dos mesmos meios que a Lista que, supostamente, lhe presta o seu apoio.