ARTE DE TRANSFORMAR XXIV
estátua de José Afonso
na Amadora
Ergue-te canalha
Na mortalha
Hoje o rei vai nu.
Os velhos tiranos
De há mil anos
Morrem como tu.
Abre uma trincheira
Companheira
Deita-te no chão.
Sempre á tua frente
Viste gente
Doutra condição.
Ergue-te ao sol de verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já tambores
Livra-te do medo
Que bem cedo
Há-de o sol queimar
E tu camarada
Põe-te em guarda
Que te vão matar
Venham lavradeiras
Mondadeiras
Deste campo em flor.
Venham enlaçadas
De mãos dadas
Semear o amor.
Ergue-te ao sol de verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já tambores
Venha a maré cheia
Duma ideia
P’ra nos empurrar.
Só um pensamento
No momento
P’ra nos despertar.
Eia mais um braço
E outro braço
Nos conduz irmão.
Sempre a nossa fome
Nos consome
Dá-me a tua mão.
Ergue-te ao sol de verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já tambores
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