sábado, fevereiro 26, 2005

*Vermelhices (Comentários Políticos) XI*

Escreva uma pergunta
Dizia o simpático cabeçalho do Microsoft Word
Pronto para me dar uma resposta.
Também um clips animado saltava e coçava a cabeça (se é que os clips podem ter cabeça)
Piscava os olhos e mirava-me como quem diz “um criado ao seu dispor”.
Lembrei-me da Odete Santos a dizer o outro dia na TV:
“Nem criados e muito menos ao dispor”.
Escrevi felicidade
Não obtive resposta.
Obviamente: o Bill Gates não faz parte da solução. Só do problema.
Na vida não temos cabeçalhos ou clips tão prestáveis
Mas temos ainda gente de carne e osso que dá o que pode e o que não pode para solucionar os problemas da nossa vida política.
O rapaz de dezoito anos não compreendia isto.
Começou por discutir connosco com o olhar acusador
Julgando-nos culpados pela sua situação: ajudar a mãe a sustentar oito irmãos com um magro salário de operário, enquanto o pai se perde no álcool.
O nosso camarada de brilho nos olhos e que trata toda a gente por tu, um tu tão sentido que nos faz sentir imediatamente irmãos, procurou explicar-lhe que não somos todos iguais. Eu, sem vocação para clips simpático fui mais dura: não nos podes responsabilizar por competências que não nos deste e não podes afirmar coisas que não sabes. Ao fim de algum tempo todo o café discutia o assunto.
O rapaz continuava a mostrar resistência. É normal. Ninguém gosta de admitir estar errado. Não gostam de o admitir frente a uma força política que querem hostilizar. Muito menos nestas coisas que se espalham e se alojam na cabeça das pessoas como uma verdade indubitável. Um axioma: Os políticos são todos iguais.
E acima de tudo não gostam de tomar consciência que essa frase tem um outro significado escondido e mais verdadeiro: Eu sou igual à imagem que faço dos políticos.
Sai do café bem satisfeita. O camarada Luís Carlos também. Os outros nem por isso. É bom, muito bom, ter a oportunidade de discutir com as pessoas. Fica sempre alguma coisa. Pode não ter sido ganho o voto. Mas aqueles não voltarão a dizer que somos iguais aos outros. Sobretudo depois de termos afirmado que independentemente das derrotas eleitorais continuamos acreditar na nossa razão.

O clips já dorme. Eu estou acordada.

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