sábado, janeiro 08, 2005

O Caminho

Por mais que eu grite
a minha boca continua selada
Por mais que eu aponte
os meus dedos nada indicam
Por mais que eu chore
as lágrimas não vertem
Por mais que eu corra
o chão continua o mesmo

Eu que sempre fui um pássaro
hoje sinto-me uma rocha
Era ar
e desfiz-me em terra

Construí umas asas de cera
e voei na direcção do sol
despenhei-me no labirinto
e encontrei o minotauro.

Caí na minha própria armadilha
E ao invés do braço solidário
pediram-me desculpas
e ofereceram-me o chicote.

Mas não me chamo Ícaro
E não desisto:
plantarei árvores e flores pelo caminho
e assim reconhecerei os sítios por onde passar
Nada direi mas todos saberão o que quero dizer.

E encontrar-te-ei

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